De norte a sul, há peças teatrais em cena que resistem à escassa oferta da época de verão.
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Em época de estio, o areal leva claramente a melhor sobre o palco. É uma tradição que se mantém, sem flutuações de maior, mesmo que seja de difícil compreensão a escassez de propostas num período onde a disponibilidade dos espectadores é superior a qualquer outra altura do ano. Isto sem falar sequer nos turistas estrangeiros de visita a Portugal, que saem do país com a convicção de que existe uma alergia qualquer entre os portugueses e as artes do palco.
Mas, apesar da aridez cénica do verão, há um punhado de resistentes que insistem em levar a palco as suas propostas teatrais. Neste capítulo, Lisboa é, sem surpresa, a região na qual os interessados têm ao seu dispor um leque superior de sugestões.
Além do monólogo “À primeira vista” em cena no Teatro Maria Matos até sábado, mas com regresso já marcado para 25 de setembro, há uma variedade assaz aceitável ao dispor de quem se predispuser a trocar por um punhado de horas a toalha por um auditório.
Assim, no Teatro do Bairro, o sempre competente António Pires mergulha no universo brechtiano para revisitar “Mãe coragem”, pungente peça em que seguimos os esforços de uma mulher que quer evitar a todo o custo que os seus filhos sejam enviados para a guerra. Em cena desde ontem, “Mãe coragem” está em cena até ao próximo dia 17, com um elenco em que encontramos Maria João Luís e Carolina Campanela.
Do Casino Estoril chega-nos um musical que propõe uma revisitação dos anos 1990. Com a assinatura de Henrique Feist, “Eu quero voltar - Os anos 90”, em cena às sextas e sábado à noite, fala sobre as modas musicais (e não só) de uma década marcada pelo grunge, hip-hop ou R&B, mas também pelas boys band e divas.
Mais a sul, em Vila Real de Santo António, o Centro Cultural António Aleixo, vai ser palco, na próxima segunda e terça-feira, de “Maria”, adaptação de um monólogo em que João Frizza desempenha o papel de uma matriarca tradicional que procura resistir como pode às mudanças sociais.
Na próxima sexta-feira, por fim, o Teatro Sá da Bandeira, no Porto, abre as portas para “Fachabor! Que eu num andei contigo na escola”, uma peça dominada por Zé, um licenciado na faculdade da vida a quem aconteceram muitas coisas, raramente boas.