Festival Músicas do Mundo termina hoje.
Corpo do artigo
Sines Criam uma tapeçaria hipnótica as vozes de 15 mulheres de várias gerações que carregam o testemunho de uma instituição fundada em 1952 – The Mystery of the Bulgarian Voices: grupo coral que revisita um rico património folk através de técnicas vocais complexas e arranjos renovados. Foram um dos números em foco, anteontem, no Festival Músicas do Mundo (FMM), que termina hoje, em Sines.
Conduzidas por Georgi Andreev e acompanhadas por um quarteto de violinos e violoncelo, as mulheres alcançam impressionantes registos ao desvelar temas ancorados no cancioneiro tradicional búlgaro: histórias de amor, inspiradoras ou trágicas, frescos do quotidiano ou narrativas fantásticas. Aquela polifonia exuberante transcendeu há muito o espaço geográfico e cultural da Bulgária, atraindo músicos de várias latitudes e géneros, como Peter Murphy ou Lisa Gerrard, dos Dead Can Dance, que gravou dois discos com o grupo.
Também marcante foi o tributo a Max Romeo (1947-2025), ícone do reggae programado para Sines, mas que, infelizmente, morreu em abril. A celebração incluiu atuações dos filhos de Max e de Lutan Fyah e Kenyatta Hill, enquadrados pela banda do homem que pertence ao mesmo friso de Peter Tosh e Bob Marley. Houve ainda a representante de um Estado não reconhecido – a Somalilândia. De bandeira na mão, Sahra Halgan exibiu voz peculiar, trinados e vibrações, rock miscigenado e potente. E a música negra carregada de política, da brasileira Bia Ferreira.