Silly e Ana Lua Caiano foram as primeiras a atuar no Parque da Cidade, com eletrónica e música popular portuguesa. SZA, PJ Harvey ou Mitski são os nomes garrafais desta quinta-feira. Maratona de 48 concertos dura até sábado.
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Duas vozes jovens, femininas, portuguesas e com discos recentes cortaram a fita à 11.ª edição do Primavera Sound Porto, que arrancou esta quinta-feira no Parque da Cidade e decorre até sábado.
A eletrónica envolvente de Silly, que se apresentou em palco acompanhada pelo produtor Fred Ferreira (Orelha Negra, Buraka Som Sistema), acolheu os primeiros milhares que adejaram no recinto. Pinturas faciais, cabelos coloridos, grinaldas e um descuido calculado na indumentária - eis o “dress code” dominante no Primavera.
O intimismo de Silly contrastava com o gigantismo do Palco Porto, agora mais visível de todos os pontos da plateia graças à deslocação das áreas técnicas para os lados. E as poucas centenas que se aproximaram da cantora não terão fruído da forma mais apropriada a pop de câmara de “Miguela”, disco lançado no início deste ano.
Mais concomitante foi o concerto de Ana Lua Caiano, que se apresentou entre o arvoredo do Palco Super Bock. A filha do escritor Gonçalo M. Tavares, de 24 anos, descobriu o seu trilho musical durante a pandemia, quando teve de trabalhar sozinha - e constitui-se agora como “one woman band”, vagueando com fluidez entre as raízes da música popular portuguesa e a invenção de futuros, juntando adufes e bombos a loops e samples. Funciona lindamente. Apresentou temas do álbum de estreia, “Vou ficar neste quadrado”, sempre sorridente, sempre interativa, e foi juntando uma massa crescente - de pessoas e de aprovação.
O festival prossegue hoje com as atuações de SZA, PJ Harvey e Mitski, três cantoras de altíssima cotação que representam géneros bem diferentes. No campeonato das descobertas e do rock alternativo, haverá Militarie Gun, Amy and the Sniffers, Obongjayar ou American Football.