Foi a 4 de abril de 1923 que quatro irmãos de origem polaca fundaram a companhia.
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Há o leão da Metro, a montanha da Paramount, o globo da Universal, a fanfarra da 20th Century Fox, a mulher da tocha da Columbia Pictures. E há o medalhão, várias vezes redesenhado ao longo dos tempos, com o WB da Warner Bros. Todos eles, vistos e ouvidos pouco depois de nos sentarmos na sala de cinema, símbolos de que, nas próximas duas horas, vamos ter direito a emoção, entretenimento, ação ou aventura.
É assim desde que o cinema existe e mais ainda desde que, em meados da década de 10 do século passado, Hollywood passou de pequena vila rodeada de laranjais para a Meca do cinema, muito pela visão de homens de negócios vindos da Europa para a América no início do século e que começaram a dedicar-se a essa nova atração que dava pelo nome de cinema.
Entre eles estavam quatro irmãos, Albert, Jack, Harry e Sam, nascidos na Polónia, então parte do império russo, e que tinham emigrado primeiro para o Canadá mas que, no início do século XX, já exibiam filmes em várias cidades da Pensilvânia e do Ohio, antes de abrirem o seu primeiro cinema, em 1903.
Foi já com duas décadas de experiência que os irmãos fundaram, a 4 de abril de 1923, com a ajuda de um empréstimo bancário, a então denominada Warner Brothers Pictures, Incorporated. O mundo empresarial mudou muito nestes últimos cem anos, também no cinema e nas indústrias do entretenimento e hoje a Warner Bros. Entertainment é um poderoso conglomerado, com sede em Burbank, na Califórnia, dedicando-se não só ao cinema como também à música, à televisão e aos jogos de vídeo.
O sucesso da Warner Bros. foi imediato, ancorando-se na experiência e na visão dos seus fundadores, e a companhia pertenceu ao que, na era de ouro de Hollywood, era chamado os "big five", as cinco maiores produtoras americanas de cinema, que englobava ainda a Metro-Goldwyn-Mayer, a Paramount, a Fox e a RKO, cujo logo era uma torre de rádio sobre um globo terrestre. Longe estavam ainda os tempos do poderio da Walt Disney Pictures. Mas essa é outra história...
A Warner Bros. foi pioneira na introdução do som no cinema. A estreia de "The Jazz Singer", em Nova Iorque, a 6 de outubro de 1927, originou filas intermináveis para ver e sobretudo ouvir Al Jolson a cantar. Facto trágico: Sam Warner falecera na véspera e os irmãos não puderam ir à estreia do filme.
Os restantes estúdios, até aí reticentes, tiveram de seguir os irmãos Warner, que levavam no entanto já um grande avanço com o seu sistema de Vitaphone. Além do som, a Warner Bros. inovava também com algumas produções a cores, sobretudo musicais, género que abandonaria para se dedicar em grande parte a filmes de gangsters, quase sempre com uma componente social, em linha com os ecos da Grande Depressão de 1929 e o New Deal de Roosevelt.
Humphrey Bogart, James Cagney e Edward G. Robinson eram então alguns dos grandes valores da companhia, como Errol Flynn e os seus filmes "de capa e espada". "As Aventuras de Robin Hood", foi um dos primeiros a usar em pleno o sistema de Technicolor, com a sua deslumbrante e inigualável paleta de cores. Ou Bette Davis, que chegaria a ser chamada "a quinta Warner", dada a importância que os seus melodramas tiveram para a companhia.
Não é possível também falar do período clássico da Warner Bros. sem referir os seus lendários cartoons, os pequenos filmes de desenhos animados que antecediam a exibição dos filmes de fundo, em séries como as Merrie Melodies ou os Looney Tunes, e com personagens hoje míticas como Bugs Bunny (o Perna Longa, em Portugal), Daffy Duck ou Porky Pig.
A Warner Bros. sobreviveria à Segunda Guerra Mundial, como todos os outros estúdios, ao fim do monopólio de produção, exibição e distribuição decretado pela Lei Anti-Trust em 1948, com os estúdios a ter de abdicar deste último ramo de atividade, ao surgimento da televisão. A companhia, já sem os seus fundadores, foi-se adaptando aos novos tempos, mantendo hoje o seu prestígio.
Do lado financeiro, e só para dar uma ideia, a Warner Bros. foi o primeiro estúdio a faturar dois mil milhões de dólares de bilheteira no mesmo ano. A distribuição mundial dos filmes da série Harry Potter e a detenção dos direitos de adaptação ao cinema dos heróis da DC Comics, como Batman, asseguram a estabilidade empresarial da companhia e garantem, ao espetador de cinema, que Warner Bros. é ainda, ao fim de cem anos, garantia de qualidade e entretenimento.
Os 10 mais da Warner Bros.
O Cantor de Jazz (Alan Crosland, 1927)
As Aventuras de Robin Hood (Michael Curtiz, 1938)
Casablanca (Michael Curtiz, 1942)
Um Elétrico Chamado Desejo (Elia Kazan, 1951)
A Quadrilha Selvagem (Sam Peckinpah, 1969)
Laranja Mecânica (Stanley Kubrick, 1971)
O Exorcista (William Friedkin, 1973)
Batman (Tim Burton, 1989)
The Matrix (The Wachowskis, 1999)
Harry Potter e a Pedra Filosofal (Chris Columbus, 2001)