Tó Trips faz o concerto de abertura na igreja de São Francisco, com entrada grátis.
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A 12.ª edição do festival da Primavera, em Guimarães, acontece de 9 a 12 de abril. Em 2025, o Westway LAB assume definitivamente a ligação ao cinema, que já tinha sido ensaiada na edição anterior, convidando para as conferências nomes como os dos produtores e realizadores Rodrigo Areias e Aki Kaurismaki, o realizador Edgar Pêra ou do músico Paulo Furtado (The Legendary Tigerman). O evento espalha-se pela cidade - Bar da Ramada, Bar do Convívio e Centro para os Assunto da Arte e da Arquitetura (CAAA) -, tem uma componente de criação, com residências artísticas, conferências e 23 concertos com artistas vindos de 11 países.
Rui Torrinha, o diretor artístico da Oficina, referiu, no lançamento da edição deste ano do festival, que “nos últimos 12 anos é difícil apontar uma banda que tenha surgido que não tenha tocado no Westway LAB”. Nomes como Ana Lua Caiano e Clube Makumba apareceram em edições anteriores do evento. Mais do que um festival de cartaz, o Westway LAB pretende ser um viveiro, com a residências artísticas, no Centro de Candoso, que culminam com apresentações em formato “showcase”, de acesso gratuito, na quarta e na quinta-feira, no Café Concerto do Centro Cultural Vila Flor (CCVF).
Tó Trips, num espetáculo singular, na igreja de São Francisco (grátis, dia 9, 19.30 horas) dá o mote para 23 concertos. Há nomes portugueses - emmy Curl, Lana Gasparotti, Fidju Kitxora, Them Flying Monkeys ou Máquina - e internacionais - Gotopo, Martha Da’ro, Chico Bernardes, Collignon e MaidaVale. Na tarde de sábado, dia 11, o festival espalha-se pela cidade: Visco e Homem em Catarse atuam no Bar da Ramada, JoeJas e IBSXJAUR, no Bar do Convívio e Maria Chiara Argiró e C’Mon Tigre, no CAAA.
“Enquanto a guitarra” de Tó Trips “chora”
Nas conferências passa a haver um novo formato, as Westway Stories, em que profissionais consagrados falam sobre o caminho que percorreram até ao sucesso. A “história” que Tó Trips vai contar, na quinta-feira, dia 10, no Palácio Vila Flor, tem o chamativo título de “Enquanto a minha guitarra suavemente chora”. Mas há outras “stories”: Bárbara Santos (engenheira de som), Haiza Huegun e Vile Karimi (músicas/compositoras), João Carvalho (diretor da Ritmos), Gotopo (cantora, compositora, performer), entre outros.
As conferências sobre a relação entre música e cinema, no pequeno auditório do CCVF, acompanhadas por projeções, selam o casamento com a sétima arte. “Música para cinema: um novo prazer criativo ou objetivo financeiro?” - é a pergunta da partida que vai ser feita a Paulo Furtado que, nos últimos anos, tem emprestado os seus talentos musicais ao cinema, às séries e até a trabalhos de podcast (quinta-feira, dia 10, às 17 horas, no pequeno auditório do CCVF). Aki Kaurismaki, que, com Pedro Costa, Víctor Erice e Manoel de Oliveira, escreveu e realizou “Centro Histórico”, quatro histórias de Guimarães, a propósito da Capital Europeia da Cultura, em 2012, volta à Cidade Berço (sexta-feira, dia 11, 17 horas, no pequeno auditório do CCVF). “Trazer alguém como Aki Kaurismaki tem a ver com a proximidade com a cidade. O impacto no cinema de autor contemporâneo, mas também a abordagem musical única no cinema”, destacou o realizador e produtor vimaranense Rodrigo Areias, na apresentação do Westway LAB 2025.
Inteligência artificial como recurso criativo
“Som e imagem: como está a IA a mudar o conceito de criatividade?” - é a pergunta a que o realizador Edgar Pêra e o executivo da Music Finland, Turo Pekari, vão tentar responder (sexta-feira, dia 11, 11 horas, no Palácio Vila Flor). O realizador português acaba de estrear “Cartas Telepáticas”, o primeiro filme feito com recurso a inteligência artificial. A obra ficciona uma troca de correspondência entre Fernando Pessoa (1888-1935) e o escritor norte-americano H.P. Lovecraft (1890-1937).
Na edição de 2025, o Westway LAB lança-se num trajeto para um futuro em que pretende ser neutro em termos de emissões e para isso inicia uma parceria com o Laboratório da Paisagem. “O festival é um laboratório, por isso o ‘LAB’. Nesta área também queremos testar soluções. Estamos, por exemplo, a pensar fazer todos os ‘transfers’ de artistas do aeroporto para Guimarães em autocarros elétricos”, aponta Rui Torrinha.
Os bilhetes diários para os concertos custam 20 euros e o passe geral 30. O ingresso para as conferências custa 25 euros, 50 se for com acesso aos espetáculos.