
The Four Fives
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Atentados de há 20 anos tiveram repercussão na banda desenhada
O vigésimo aniversário dos atentados de 2001 foi o mote para a Marvel regressar ao tema, através de uma história incluída em cinco das suas revistas regulares: "Amazing Spider-Man" #73, "Daredevil" #34, "Excalibur" #23, "Ka-Zar: Lord Of The Savage Land" #1 e "X Force" #23, que foram colocadas à venda no dia 8 de setembro nos EUA e deverão chegar às lojas especializadas portuguesas dentro de aproximadamente um mês. Cada uma destas revistas traz na capa um selo com uma imagem de um bombeiro e a legenda: "20 anos: Nunca esqueçam".
Intitulada "The Four Fives", é uma banda desenhada de oito páginas, quase sem texto, disponível gratuitamente em versão digital, que coloca o Capitão América e o Homem-Aranha no Ground Zero, enquanto se ouvem os sinos da Trinity Church, em Wall Street. O título da história evoca o toque utilizado para assinalar a morte dos bombeiros: cinco badaladas, repetidas quatro vezes, cada uma a evocar um momento dos acontecimentos de há duas décadas.
Os autores são Joe Quesada (argumento), John Romita Jr. e Scott Hanna (desenho), sendo que os dois últimos, em conjunto com o escritor J. Michael Straczynski criaram o comic que, em 2001, assinalou o atentado contra as Torres Gémeas. Publicado num prazo recorde de pouco mais de dois meses, na "Amazing Spider-Man" #36, com uma capa completamente negra, mostrava o Homem-Aranha, o Capitão América e outros super-heróis e super-vilões ao lado dos bombeiros, polícias e socorristas anónimos, impotentes perante a dimensão dos acontecimentos e expressando o desejo de que tal nunca mais se repetisse. Este relato teve edição portuguesa em Abril do ano seguinte, na revista "Peter Parker Homem-Aranha" #27 (Devir), com uma capa bastante feliz de composição portuguesa.
Esta seria a primeira de várias publicações que, nos anos seguintes, a solo ou em obras coletivas, de um e outro lado do Atlântico abordaram esta temática sob diversos ângulos, da homenagem aos relatos autobiográficos, passando pela ficção e pela reportagem, mostrando que também a banda desenhada, especialmente a norte-americana, não ficou indiferente aos acontecimentos.
"A momment of silence" (Marvel, 2002), mostrava em histórias mudas como pessoas anónimas viveram aquelas horas trágicas, o mesmo fazendo na primeira pessoa a francesa Sandrine Revel em "Le 11e Jour" (Delcourt, 2002), sozinha em Nova Iorque naquele dia, com a agravante de não falar inglês. Em "Septembre en t"attendant" (Casterman, 2009), Alissa Torres narra a busca pelo marido, um dos que escolheu saltar por uma janela, a ronda pelos hospitais, um parto prematuro e a burocracia em busca de ajuda financeira que se seguiu.
A homenagem às vítimas e aos heróis anónimos reuniram muitos autores famosos em obras coletivas, como "Heroes" (Marvel, 2001), "9/11" (2 volumes, DC Comics, 2002) ou "12 Septembre" (Casterman, 2011).
Para assinalar o primeiro aniversário do trágico acontecimento, surgia "Holly terror" (Legendary Pictures, 2002), "propaganda política descarada" segundo o seu autor, Frank Miller, que coloca um herói a defender Nova Iorque de novo atentado. Numa óptica oposta, "The Big Lie" (Image, 2011) questiona a origem dos atentados e, em "In the Shadow of No Towers" (Vicking Adult, 2004), Art Spiegelman aborda os aproveitamentos políticos. E inevitavelmente, a operação que deu origem à captura e morte de Bin Laden, também teve a sua versão aos quadradinhos: "Code War: Jeronimo" (IDW Publishing, 2011). Mais surpreendente, sem dúvida é que o próprio relatório governamental norte-americano sobre os atentados tenha tido uma versão em BD: "The 9/11 Report: A Graphic Adaptation" (Hill and Wang, 2006).
Há poucas semanas, surgiu "11 Septembre 2001: Le jour oú le monde à basculé" (Dargaud, 2021) que, em tom jornalístico, analisa as consequências dos atentados até ao presente.
