
Salvador Sobral
Gerardo Santos / Global Imagens
Salvador Sobral queria que o primeiro tema do seu novo disco "Paris, Lisboa" fosse especial, queria mesmo que fosse "a música zero". A canção, "180, 181 (Catarse)", aborda uma temática especialmente cara: os dias aflitos que o cantor e compositor que venceu a Eurovisão em 2017, com "Amar pelos dois", passou no hospital durante o processo de transplante do seu coração.
"Quis começar o novo álbum com uma catarse, com uma espécie de renascimento, para depois avançar com tranquilidade e revelar a sua luz", revelou ontem o artista no Cinema Nimas, em Lisboa, local escolhido para desvelar "Paris, Lisboa", que estará à venda de hoje a oito dias.
Salvador, agora com 29 anos, elegeu o Nimas para dar a conhecer os 12 temas que compõem o seu segundo disco. A plateia, além de jornalistas, encheu-se também com familiares e amigos do cantor, num espaço que considera muito especial - foi aí que se lhe revelou "Paris, Texas", o clássico existencialista de 1984 do cineasta alemão Wim Wenders, a que o título do álbum presta homenagem. "Vinha aqui todas as semanas ver filmes. Depois da minha cirurgia ao coração, quando pude sair à rua pela primeira vez, voltei aqui, e foi aqui que descobri o clássico do Wenders que me marcou profundamente ", disse.
Em espanhol e francês Foi com a sala às escuras durante 120 minutos que o cantor apresentou o disco. Os 12 temas são maioritariamente cantados em português, mas também há canções em espanhol, inglês e, pela primeira vez, em francês, com "La Souffleuse".
"É uma canção inspirada fundamentalmente pela tradição da "chanson française"", disse Sobral, que sublinhou ter "um ídolo em Jacques Brel" (1929-1978).
Os temas de "Paris, Lisboa", diz o seu autor, "já foram todos tocados em concerto" e alguns já são conhecidos do público, como "Mano a mano", em que conta com António Zambujo, ou "Anda estragar-me os planos", canção composta por Afonso Cabral e Francisca Cortesão para o Festival da Canção 2018, na altura cantada por Joana Barra Vaz.
"Paris ,Lisboa" foi produzido por Joel Silva, baterista que integra o seu grupo paralelo Alexander Search, e juntou pessoas próximas do cantor: a irmã, Luísa Sobral, a mulher, Jenna Thiam, e os músicos Júlio Resende, André Rosinha e Leo Aldrey.
Um contexto de amigos que Salvador enalteceu como mais-valia para o processo criativo: "Muitas vezes, diz-se que não devemos trabalhar com pessoas próximas. Mas a verdade é que eu só o sei fazer dessa maneira, criar com aqueles de quem gosto".
"Paris, Lisboa" será simultaneamente editado em Portugal (Valentim de Carvalho) e Espanha (Warner Bros Spain), que o distribui para o resto do Mundo.
Tournée arranca em Faro
A digressão arranca já em maio. A estreia é no Teatro das Figuras, em Faro, no dia 3, seguindo-se os Coliseu de Lisboa e Porto (dias 10 e 11). Em abril, Salvador atua na Polónia (dia 4 em Cracóvia, 6 em Katowice e 8 em Varsóvia) e dá cinco concertos na Alemanha (23 em Essen, 24 em Frankfurt, 25 em Hamburgo, 27 em Berlim, 28 em Nuremberga e 29 em Estugarda). Finalmente, no dia 19 de maio, atuará no emblemático Palau de la Música Catalana, em Barcelona.
