
Paula Fernandes
DR
Cantora brasileira está de regresso com casas cheias no Estoril e Porto. No programa, inéditos e temas conhecidos.
"Feliz por retornar" e concretizar os planos adiados pela pandemia, Paula Fernandes está pronta para os palcos portugueses. O Casino do Estoril recebe-a hoje, antes de amanhã a artista brasileira encher a Super Bock Arena, no Porto, com "um show único, com músicas preferidas, mas também canções inéditas". Domingo vai estar na Ovibeja e no dia 1 de maio é Barcelos que a receberá. Na mala, a cantora traz o último álbum, "Origens 2.0". Para ela, na hora de definir o alinhamento, "o mais difícil é tirar canções".
Antes do reencontro com o público português, em conversa com o JN, Paula prevê um "misto de emoções", até por ser "indescritível a sensação de ouvir cantar" as suas letras, a par das "muitas saudades" que sentia. Na plateia, é certo que todos a acompanharão nos refrões, como já provou em atuações passadas. A estreia no nosso país foi a 29 de setembro de 2012, no Brazilian Day que se realizou no Passeio Marítimo de Algés, em Lisboa, e ainda guarda "todas as notícias".
Este ano completam-se três décadas desde que começou a cantar, se bem que o primeiro disco tenha sido lançado dois anos depois. "É muito especial para nós, ainda mais com o projeto novo, o DVD "11:11" [gravado no rancho de uma amiga, no Interior de São Paulo], com algumas participações especiais e cantores de sucesso no Brasil". Entre os convidados figuram Israel & Rodolffo, Tierry e Lauana Prado, num mix de composições inéditas e releituras de clássicos. Tudo foi gravado durante quatro dias, "no início da semana", por causa das respetivas agendas profissionais, "mas estavam todos lá, mesmo cansados", acrescenta a cantora, satisfeita com o resultado.
Fase mais calma
"Os últimos dois anos foram essenciais para abrandar e para maturação de algumas coisas. A pandemia desacelerou muito a gente e acredito que, para nós artistas, teve um lado positivo", avalia Paula Fernandes, que antes "andava numa roda-viva". Atualmente, assume-se "mais calma" o que a faz aproveitar melhor o momento.
"Orgulhosa das raízes sertanejas", a cantora de 37 anos sente que atravessou muitas barreiras, se bem que acuse "alguns preconceitos por ser mulher", o que faz com que "haja ainda um longo caminho pela frente". De resto, "acho que tenho um trabalho bastante consolidado aqui no Brasil e fora também, e muito respeito das pessoas", descrevendo-se como "uma artista de música popular e não só sertaneja, apesar da origem no Interior".
Foi aos oito anos que Paula Fernandes começou a cantar. Aos 18 parou, à conta de uma depressão. "Foi um processo pelo qual, às vezes, precisamos de passar para crescer. O facto de ter começado muito nova encheu-me de expectativas e achava que aos 18, 19 anos, já seria uma mulher com uma carreira bem-sucedida".
Depois de fazer tratamento, ainda apaixonada pela música e motivada pelo carinho do público, regressou aos palcos, "mas ainda demorou um tempo até alcançar o reconhecimento". "Com mais maturidade, hoje percebo que, por vezes, é preciso voltar cinco casas, para subir dez depois. Acredito que não tenho como me arrepender, só segui quando me senti preparada", confessa Paula, sublinhando que "a gente nunca deixa de aprender".
Ultrapassado o estado depressivo, sente que o que viveu "foi essencial para a construção" da sua história como pessoa e artista. "Foi um processo de autoconhecimento, de decidir o que queremos e o que não queremos para a nossa vida. Foi o pior momento, mas também foi o momento único e determinante para que eu me estabelecesse, pois descobri quem era".
História em livro, representação à distância
Escrever é outra das paixões de Paula Fernandes, que em 2018 lançou a autobiografia "Pássaro de fogo: Minha história", em que desmistifica algumas impressões sobre ela própria. Obra nas bancas, continuou a escrever músicas mas deixa no ar a hipótese de "uma segunda versão" da biografia, pois ficou muito por contar. Com participações em vários projetos televisivos, confessa que nunca teve ambições de ser "uma grande atriz". "Divirto-me muito nesses papéis, mas sem essa intenção", garante.

