Quando estão com os avós, as crianças passam quase metade do tempo em contacto com ecrãs, sendo a televisão o recurso mais consumido, indica estudo
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Os avós estão cada vez mais presentes na vida dos netos por razões económicas e sociais, mas os ecrãs também. Um estudo levado a cabo junto de ascendentes que cuidam de netos, estes com idades entre os dois e os dez anos regularmente, vem indicar que o tempo de exposição à televisão e aos telemóveis está muito acima do esperado.
As conclusões integram o estudo Uso dos media por avós e crianças nos EUA: tempo de ecrã, práticas de mediação e resultados de relacionamento (Grandparents and children’s media use in the USA: Screen time, mediation practices, and relationship outcomes, no original), publicado no Journal of Children and Media.
Segundo a análise, quando estão com os avós, os mais pequenos despendem quase metade do tempo (49%) diante de atividades tecnológicas. Deste período, a maior fatia recai sobre a atenção dedicada à televisão tradicional, já 12% é usado para assistir a vídeos noutros dispositivos móveis. Seguidamente, 9% e 8% do tempo é usado para jogar e para navegar na internet, respetivamente.
Comportamentos que estão a gerar conflitos geracionais entre pais e avós por via da tecnologia, com estes a acharem que a educação para os media é responsabilidade dos progenitores, e não dos mais velhos. “Para muitos avós, aplicar uma mediação restritiva e instrutiva é delicado, pois consideram que estabelecer regras e ensinar as crianças sobre os conteúdos mediáticos são principalmente responsabilidades dos pais”, analisam os investigadores Cecilia Sada Garibay e Matthew A. Lapierre, da Universidade do Arizona, nos Estados Unidos da América.
A investigação, que contou com entrevistas a 350 avôs, tem a fragilidade de apenas integrar os que, à partida, estão mais familiarizados com a tecnologia. Ainda assim, tendo em conta a amostra, os pesquisadores detetam quatro padrões entre avós, netos e consumo de media. Se por um lado, é detetável o mecanismo da supervisão - prestar atenção ao que os mais pequenos estão a ver -, por outro, existem ainda as técnicas da mediação restritiva, que implica a definição de regras rígidas, e a da instrutiva, que acomoda o debate sobre o que está a ser visto. Por fim, há avôs e que atestam que fazem co-visualização de conteúdos com os netos. A primeira e a última técnicas emergiram como os modelos que apresentam maior taxa de aplicação: a supervisão por ser a preferida e a co-visualização por ser a mais benéfica.