Apresentadora critica discurso da deputada do Chega sobre imigração e apoios sociais. Rita Matias responde com acusações e referência ao salário de Catarina Furtado.
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Uma entrevista televisiva de Rita Matias deu origem a uma acesa troca de declarações com Catarina Furtado. A deputada do Chega e candidata à Câmara Municipal de Sintra falou no programa "Facto Político", da SIC Notícias, e os seus comentários sobre imigração e apoios sociais motivaram uma dura reação da apresentadora da RTP1.
Na entrevista, Rita Matias associou a "entrada sem controlo" de "pessoas sem condições" ao surgimento de bairros de barracas e apontou como exemplo a recente demolição de construções ilegais no bairro do Talude, em Loures.
A deputada defendeu uma fiscalização mais rigorosa dos apoios sociais, mas reconheceu não saber o valor do Rendimento Social de Inserção (RSI).
Catarina Furtado reagiu nas redes sociais, partilhando uma publicação do "Expresso" que destacava as declarações da deputada, e criticou diretamente Rita Matias. "Não sabe do que fala. Só sabe que não gosta de certas pessoas e que lhes quer mal", escreveu no Instagram. "Das primeiras lições que dou aos meus filhos: não falem do que não sabem porque é perigoso, feio. Ignorante duas vezes e mau", acrescentou.
Rita Matias respondeu com um vídeo publicado na mesma rede social, acusando a apresentadora de deturpar o conteúdo da entrevista. "Profundamente ignorante e desconhecedora do objetivo da entrevista é Catarina Furtado, que resume 18 minutos de entrevista a dez segundos que deve ter visto nas redes sociais ou a uma frase do 'Expresso'", declarou.
A deputada do Chega aproveitou ainda para questionar o salário de Catarina Furtado enquanto figura da RTP: "Ela sabe que nós sabemos que o salário da Catarina é cerca de 15 mil euros por mês. Pagos por quem? Pelos contribuintes portugueses." E classificou esse valor como "profundamente indecente e imoral", alegando que é superior ao do Presidente da República ou ao do primeiro-ministro — embora sem apresentar documentação que comprove a afirmação.
"A utilidade do serviço da Catarina fica naturalmente ao critério de cada um", concluiu, antes de lançar um aviso: "Estes tachos e tachinhos na RTP são para acabar. E o Chega, quando chegar ao Governo, vai mesmo atrás destes tachos incompreensíveis."
Sem mencionar a deputada pelo nome, Catarina Furtado publicou mais tarde uma mensagem com um tom sereno mas determinado: "A tranquilidade que hoje carrego não é conformismo. É uma força tranquila que me dá alento para continuar". E prosseguiu: "Enquanto houver desigualdade, injustiça ou silêncio, o meu coração continuará inquieto. [...] Vale sempre a pena agir. Com amor. Com coragem. Com a verdade."
A troca de acusações ilustra a crescente tensão entre figuras públicas e representantes políticos em torno de temas sensíveis como a imigração, os apoios sociais e a gestão de recursos públicos, num cenário de polarização cada vez mais evidente nas redes sociais.