
Foto: Artur Machado/Arquivo
O relatório destacou uma tendência preocupante entre as democracias estabelecidas: metade dos 18 países documentados apresentam quedas na pontuação, com apenas dois a mostrarem melhorias.
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A liberdade na Internet sofreu um declínio pelo 15.º ano consecutivo, com governos em todo o mundo a intensificarem censura, vigilância e repressão digital, indica um estudo publicado.
O relatório Liberdade na Internet 2025, da organização não governamental norte-americana Freedom House, analisou 72 países que representam 89% dos utilizadores globais da Internet, dos quais 27 países registaram pontuações em declínio, 17 melhoraram e os restantes não tiveram alterações.
O Quénia foi o país que registou a queda mais acentuada, depois de um corte histórico da Internet em junho de 2024, durante uma onda de protestos gerais, numa medida sem precedentes no país. No extremo oposto, a Islândia continuou a ser o ambiente digital mais livre do mundo, seguida de perto pela Estónia.
O Bangladesh registou a melhoria mais significativa, depois da revolta liderada por estudantes em agosto de 2024 que derrubou o regime repressivo e resultou em reformas nas políticas da Internet.
China e Myanmar permaneceram, pelo segundo ano consecutivo, com a classificação mais baixa em liberdade na Internet, enquanto a posição da Rússia continuou a piorar, à medida que as autoridades reduziram mecanismos de censura e controlo, especialmente no contexto da guerra com a Ucrânia.
O relatório também destacou uma tendência preocupante entre as democracias estabelecidas: metade dos 18 países documentados apresentam quedas na pontuação, com apenas dois a mostrarem melhorias.
Os Estados Unidos mantiveram um ambiente online amplamente livre e diversificado, mas assistiram a um aumento das restrições ao espaço cívico, incluindo a detenção temporária de cidadãos estrangeiros por declarações não violentas feitas pela Internet.
A análise ao longo de 15 anos da Freedom House sobre a Liberdade na Internet concluiu que a repressão digital se tornou um pilar da governança autoritária, com destaque para países como Egito, Paquistão, Turquia, Venezuela e Rússia, que antes eram mais abertos digitalmente, mas cujos líderes implementaram controlos abrangentes na sequência de protestos públicos e instabilidade política.
O relatório apontou para uma sofisticação crescente na manipulação da informação, como a criação de páginas de informações falsas que imitam meios de comunicação reputados e o uso de Inteligência Artificial para amplificar a propaganda.
O relatório da Freedom House recomendou uma ação global coordenada dos governos, as empresas de tecnologia e a sociedade civil para salvaguardar a liberdade na Internet, incluindo proteções legais mais fortes para direitos digitais, regulamentação transparente de campanhas digitais, apoio aos meios de comunicação independentes.
Os autores alertaram também que os avanços tecnológicos descontrolados e as técnicas de manipulação em evolução podem acelerar a erosão das liberdades 'online'.
