A escassez de doações de ovócitos e de espermatozoides está a avolumar a longa lista de espera que vive quem quer mãe. Se no primeiro caso a espera já ultrapassa os três anos, no segundo está nos dois. Site quer desmistificar processo e encaminhar quem procura ajuda para conseguir a parentalidade
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Pouco mais de um em cada quatro casais recorre a doação de gâmetas – ovócitos e espermatozoides – para conseguir engravidar. A maioria das pessoas que se debate com a questão da fertilidade procura, na sua larga maioria, fazer “tratamento com os ovócitos da própria mulher, mesmo em situações em que são avisados do mau prognóstico reprodutivo”, explica o presidente da Sociedade Portuguesa de Medicina da Reprodução (SPMR). Um alerta deixado por Luís Ferreira Vicente na semana em que se assinala o Mês de Sensibilização para a Infertilidade.
Nesse sentido, o dirigente e a entidade apelam para a necessidade de se conseguir mais doações para enfrentar a escassez de material genético e não alargar ainda mais as já longas listas de espera devido ao acesso aos tratamentos. Volvida esta fase e em caso de recorrer a doações, a SPMR lembra que os tempos de espera para ovócitos já supera os três anos. No caso da necessidade de recurso a gâmetas masculinos, o compasso está nos dois anos. A entidade pede, então, mais doações para procurar estreitar esta fila. “Muitas pessoas desconhecem que a doação é legal e possível em Portugal”, refere o especialista num momento em que é criado site, por iniciativa da Organon, que reúne um conjunto de informações sobre ovodoação e ovorreceção. https://ovulomeuovuloteu.pt
Atualmente, as dadoras de ovócitos passam por “um ciclo de estimulação e colheita de ovócitos, que tem vindo a ser simplificado, reduzindo as medicações injetáveis. O impacto na sua vida profissional é minimizado durante todo o processo”, refere o responsável.
Importa vincar que um adiamento do projeto de gravidez acaba por conduzir a uma taxa de sucesso muito baixa, sobretudo após os 43 anos de idade da mulher, que apenas é ultrapassada pela doação de ovócitos. A doação de espermatozoides é necessária em mulheres solteiras ou casais de mulheres, ou, em situações de azoospermia - “em que não se conseguem obter espermatozoides em biópsia testicular do elemento masculino” - a opção por gâmetas doados pode ser o caminho mais seguro, e até o único, rumo à parentalidade, informa a entidade na nota enviada às redações.