Mais do triplo das mulheres face aos homens sofreram abusos sexuais na infância, segundo dados revelados pelo INE em conjunto com o Comité Português para a UNICEF
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De todas as vítimas que referem ter sofrido violência sexual na infância, a larga maioria silenciou-as. Só menos de 1/3 (29,4%) é que revelou o caso e falou com alguém ou com alguma entidade sobre o que aconteceu. A análise revelada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE) e o Comité Português para a UNICEF, conhecida esta sexta-feira, 30 de maio, refere que quando as vítimas de abuso sexual falaram do que lhes tinha acontecido escolheram familiares e amigos.
De acordo com o relatório, mais de 176 mil (2,3%) portugueses referiram terem sido vítimas de violência sexual na infância, com as mulheres a continuarem a ser as maiores vítimas, totalizando 136,8 mil casos. No caso dos homens, quase 40 mil reportaram esse momento. Os agressores identificados, segundo os dados recolhidos em 2022, foram essencialmente homens, por 3,3% das mulheres e 0,9% dos homens.
Em 2024, foram registados 3.237 crimes contra menores, correspondendo ao maior número de participações registadas pelas autoridades policiais desde 2014.
Ainda no capítulo da violência, o estudo revela que mais de metade assistiu, enquanto criança, a momentos de abusos físicos ou psicológicos entre os pais (58,5%), sendo um relato feito sobretudo pelas mulheres. Dados que indicam o quão comum era esta realidade dentro de casa e num país com números elevados ainda em matéria de violência doméstica.
No ano passado, 3,6% das crianças não teve acesso a consultas ou tratamentos dentários de que precisava e 4,5% tinha alguma limitação na realização de atividades consideradas habituais para a idade, devido a problemas de saúde prolongados.
Em 2024, um quinto das crianças vivia em agregados sem capacidade para lhes pagar pelo menos uma semana de férias por ano, fora de casa, e um décimo das crianças não tinha possibilidade de participar regularmente numa atividade extracurricular ou de lazer.