Mais poder e voto. Quem são as mulheres nomeadas por Francisco e que têm feito história
Não lhes deu estatuto de diaconisas, mas levou-as a patamares onde nunca antes tinham estado no Vaticano. Veja as principais portas que o Papa Francisco abriu às mulheres em funções antes detidas exclusivamente por homens
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Pela mão do Papa Francisco, cujo pontificado cai ao fim de 12 anos por via da sua morte, as mulheres ganharam mais destaque na Igreja: fosse pela atribuição forma de funções que já exerciam na vida religiosa quotidiana, fosse pela escolha para funções de topo que sempre estiveram na mão de homens. A verdade é que Jorge Bergoglio não deixou ficar o mundo católico feminino como o encontrou e quando assumiu a cadeira de São Pedro.
Desde funções administrativas, judiciais e culturais, o Sumo Pontíficie, que morreu esta segunda-feira, 21 de abril, atribuiu pela primeira vez funções e cargo em que as mulheres ganharam direito de voto.
Veja algumas das nomeações mais importantes e conheça as mulheres que assumiram as novas funções:
Simona Brambilla, prefeita do Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica
Foi a mais recente nomeação de Francisco, em janeiro deste ano. A antiga superiora geral das Missionárias da Consolata, de 60 anos, foi nomeada prefeita do Dicastério para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, do qual foi secretária a partir de 7 de outubro de 2023. Em julho de 2019, o Papa nomeou sete mulheres membros do Dicastério para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica pela primeira vez.
Raffaella Petrini, governadora do Estado do Vaticano
É a função mais alta detida por uma mulher no Vaticano e na Eucaristia. Se em 2021 tinha nomeado esta irmã franciscana, natural de Roma, para o cargo de secretária-geral da Governação do Estado do Vaticano, quatro anos depois, em 2025, elevou-a a governadora do Estado do Vaticano. Esta posição era tradicionalmente ocupada por um bispo, que assumia funções governativas e administrativas. Antes, Petrini, hoje com 56 anos, foi professora de sociologia e economia na universidade, com doutoramento em Ciências Sociais.
Nathalie Becquart, Subsecretária da Secretaria Geral do Sínodo dos Bispos
De origem francesa, a irmã Nathalie Becquart, 56 anos, tornou-se a primeira mulher com direito de voto no Vaticano. Membro da ordem missionária Instituto La Xavière Missionário de Cristo Jesus, desenvolveu funções como consultora do Sínodo dos Bispos e foi nomeada, em 2021, ao cargo de subsecretária, normalmente ocupado por um bispo. Trata-se da primeira mulher com direito de voto em textos debatidos nos sínodos, podendo ajudar a tomar decisões importantes durante o processo.
Alessandra Smerilli, Subsecretaria do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral
A freira e economista salesiana Irmã Alessandra Smerilli assumiu, em março de 2021, a subsecretaria do departamento do Vaticano para tratar de questões de justiça e paz. A função coloca-a no segundo cargo mais elevado da administração do Estado da Cidade do Vaticano. Foi também coordenadora do Grupo de Trabalho Económico da Comissão do Vaticano para a COVID-19.
Bárbara Jatta, diretora dos Museus do Vaticano
O Papa Francisco nomeou-a, logo em 2016, diretora de toda esta esfera cultural do Vaticano. Especialista em História de Arte, Jatta, atualmente com 62 anos, começou a trabalhar na Biblioteca Apostólica do Vaticano em 1996 e foi chefe do departamento gráfico até 2010, quando foi nomeada curadora do departamento de artes gráficas.
Yvonne Reungoat, membro do Dicastério dos Bispos
Tal como Maria Lia, a ex-superiora geral das Filhas de Maria Auxiliadora (Salesiana), de 80 anos, integrou o grupo de nomeadas que integrou o Dicastério dos Bispos, o que foi considerado um passo importante na inclusão de mulheres em processos de decisão eclesial.
Maria Lia Zervino, membro do Dicastério dos Bispos
Presidente da União Mundial de Organizações Femininas Católicas Maria Lia Zervino, de 74 anos, foi nomeada, em 2022, ao Dicastério dos Bispos, “ministério” do Vaticano que prepara os relatórios obrigatórios para que o Pontífice nomeie os bispos para as dioceses
Catia Summaria, Promotora de Justiça no Tribunal de Apelaçãp do Vaticano
Em 2021, a magistrada italiana foi indicada como promotora no Tribunal de Apelações do Vaticano, após uma longa carreira como promotora em Roma. Atualmente com 78 anos, é casada e tem duas filhas. Há quatro anos assumiu, nas suas funções, os casos que envolvem o Vaticano, entre eles os crimes financeiros.