Máquinas de lavar caseiras podem ser foco de superbactérias, e o detergente não ajuda
A maioria das máquinas de lavar de uso doméstico não consegue atingir as altas temperaturas ou mantê-las durante os ciclos o que pode pôr em causa a desinfeção, criando bactérias multirresistentes. Casos que envolvem trabalhadoras na área da saúde que lavam os uniformes em casa podem vir a ser agravados
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Mais da metade das máquinas de lavar domésticas não atingem temperaturas suficientemente altas para matar bactérias perigosas, mesmo em ciclos que prometem altas temperaturas. Um estudo publicado na revista científica PLOS One dá conta desta conclusão e alerta para o perigo de esta incapacidade técnica – de não conseguir atingir ou manter os 60 graus Celsius estar a permitir que as bactérias não só não sejam eliminadas como arrisquem a criar multirresistência.
A realidade complexifica-se sobretudo no caso dos trabalhadores em saúde que trazem os seus uniformes para casa para os lavar, levando-os de novo para contexto clínico. Os investigadores da Universidade inglesa de Montfort, que lideraram a análise, temem que as mesmas bactérias que saíram das unidades de saúde possam regressar e serem reintroduzidas naqueles espaços, mas agora com uma renovada capacidade de criar multirresistência.
Neste capítulo, os detergentes podem não ser os melhores aliados para travar este perigo. Segundo a mesma análise - que pode ser consultada no original aqui -, as bactérias repetidamente expostas às mesmas soluções comuns podem desenvolver multirresistência e não apenas aos detergentes.
Se os hospitais conseguem ter maquinaria que assegura essa desinfeção, a par dos cuidados de higienização das mãos e das superfícies, os Investigadores lembram que os têxteis que escapam ao radar clínico e que são levados para casa para serem lavados nas máquinas de uso doméstico podem abrir portas para bactérias complexas e, com isso, doenças no futuro.