Fundou um dos mais emblemáticos programas de intercâmbio educativo da Europa: o Erasmus. Sofia Corradi morreu aos 91 anos, mas deixa como legado o projeto nascido em 1987 e que abriu portas a 15 milhões de participantes em quase 40 anos
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Sofia Corradi era professora catedrática de Ciências da Educação na Universidade Roma 3 e morreu aos 91 anos. A notícia foi avançada pela família, que evocou uma mulher "de grande energia e generosidade intelectual e afetiva".
Na verdade, Sofia Corradi é um dos principais rostos de um dos programas educativos europeus mais bem sucedidos. Não é por acaso, aliás, que lhe chamavam a "mãe do Erasmus", do programa de intercâmbio universitário Erasmus.
O projeto nasceu oficialmente em 1987 e, segundo a plataforma da União Europeia, contou com 3200 estudantes logo nesse ano inaugural e com a participação de 11 países, com Portugal incluído. Quase 40 anos depois, já foram mais de 15 milhões os alunos que beneficiaram desta troca formativa.
A ideia do programa Erasmus nasceu após um desaire vivido pela própria professora quando não conseguiu ver reconhecida em Itália a sua formação internacional. Corradi estudava Direito na La Sapienza de Roma e, com recurso a uma bolsa, obteve o Master in Compartive Law pela Universidade de Columbia, nos Estados Unidos da América.
Contudo, à data, em 1957, Sofia Corradi não conseguiu que o seu mestrado fosse reconhecido pela universidade italiana. 12 anos mais tarde e já depois de integrar o conselho científico da Associação de Reitores das Universidades italianas, a professora apresentava a proposta que serviria mais tarde de base ao programa Erasmus, criando mecanismos que permitissem às universidades aprovar previamente planos de estudo de congéneres europeias e reconhecê-los como válidos nos seus próprios curricula. Se a ideia surgiu em 1969, o projeto entrava decisivamente em marcha, e à escala europeia, em 1987, quase duas décadas depois.

