As mulheres e os jovens estão entre os que mais ganham o Salário Mínimo Nacional em Portugal, que em 2025 é de 870 euros. Segundo dados da Pordata, quase três em cada dez levava para casa, ao final do mês, 870 euros. Contas que deixam de fora o trabalho não pago doméstico e do cuidado, que vai ser estudado para o ano
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No dia do Trabalhador, que se assinala esta quinta-feira, 1 de maio, a Pordata traçou o perfil de quem trabalha em Portugal e, entre as conclusões, destaque para o facto de se registar "um maior nível de escolaridade dos funcionários face aos empregadores” e que “quase ¼ recebe um salário equivalente ao salário mínimo nacional”.
Neste último caso, as mulheres compõem um dos grupos mais volumosos que, trabalhando, levam 870 euros para casa. Diz o documento, citando dados de 2022, que os grupos com maior preponderância a auferirem o rendimento mensal mínimo são os “jovens (36,1%), aqueles com escolaridade até ao ensino básico (32,9%), os trabalhadores de nacionalidade estrangeira (38,0%)” e as mulheres (27,1%).
Recorde-se que o estudo da CGTP publicado em 2024 e a propósito da semana da igualdade e do Dia Internacional da Mulher indicava que quase 70% das 1.944.911 mulheres trabalhadoras em Portugal recebia uma remuneração base mensal bruta até mil euros em 2023.
Contas feitas, 128,5 mil mulheres tinham uma segunda atividade profissional, um aumento de 22% face a 2021 (mais 23 mil), constituindo 51% do total de 251 mil trabalhadores com um segundo trabalho. O peso do segundo emprego no total das mulheres trabalhadoras passou de 4,5% em 2021 para 5,2% em 2023, acompanhando o aumento do custo de vida, indicava a CGTP, referindo que também nos horários e organização do tempo de trabalho “não houve melhorias”.
CITE quer voltar a estudar trabalho não pago e cuidado
A Comissão para a Igualdade no Trabalho e no Emprego (CITE) quer, em 2026, voltar ao terreno para apurar quantas horas e quanto vale o trabalho doméstico e de cuidado que não é remunerado, mas que está sobretudo nas mãos das mulheres. “O último estudo é de 2016 e carece de atualização e para percebermos a evolução”, refere a presidente da entidade, Carla Tavares, falando em “prioridade”.
Em maio de 2022, foi estimado que o valor do trabalho não pago de cuidado e doméstico em Portugal representaria, no mínimo, cerca de 40 mil milhões de euros em cada ano, podendo ascender, consoante a metodologia, aos mais de 70 mil milhões.
Uma realidade que colocava as mulheres a fazerem quase 70% do total do valor monetário do trabalho de cuidado e doméstico e trazia perspetivas para o horizonte. ”É provável que, em 2030, o peso relativo do cuidado não pago prestado pelas famílias, e dentro destas sobretudo pelas mulheres, se reduza de 44% para 35% das necessidades de consumo de cuidado, não deixando, porém, de continuar as famílias a assumir o papel mais preponderante neste domínio. Em contraponto, o peso do cuidado cresceria no mercado, de 14% para 16%;, nas organizações da sociedade civil, de 21% para 24%; e no Estado, de 21% para 26%”, referia fonte oficial da Comissão para a Cidadania e a Igualdade de Género (CIG).
Para já, e enquanto o novo estudo não segue, a presidente da CITE lembra a iniciativa “cuidadores por um dia”, no âmbito da qual a entidade está a “apostar na sensibilização dos rapazes para a área dos cuidados”. “Queremos incentivar os rapazes a fazerem tarefas que tradicionalmente eram inversas, que podem ter profissões de predominância feminina e que também as podem exercer como serem professores, cuidadores de infância”, vinca Carla Tavares.