O célebre caso de violação sob submissão química de Gisèle Pelicot foi transformado numa peça de teatro. Estreou-se em Viena, em junho, apresentou-se em França na semana passada, e vem ao Panteão Nacional, a Lisboa, a 10 de outubro.
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"A vergonha mudou de lado" e chega a novos palcos. O caso de Gisèle Pelicot, a francesa violada durante anos sob submissão química pelo marido e por outros homens que ele recrutava na Internet, correu mundo, transformou-a num ícone de resistência e é agora o epicentro de uma peça de teatro documental do encenador suíço Milo Rau, que é também um tributo.
"O Julgamento de Pélicot" apresentou-se no festival de teatro de Avignon, em França, na semana passada, e vai começar a correr a Europa. A história dramática desta mulher que quis tornar o julgamento público para que a "vergonha mudasse de lado" vai passar por Lisboa, com espetáculo marcado no Panteão Nacional, a 10 de outubro.
A "vigília performativa" reúne mais de cinquenta figuras públicas para uma leitura dramatizada dos autos do processo judicial que ficou conhecido como "as violações de Mazan". Tudo isto menos de um ano depois do desfecho do processo.
Gisèle Pelicot "transformou o tribunal em teatro, e nós transformamos o teatro em tribunal", afirmou o encenador, citado pela agência de notícias francesa France-Presse. E antecipa: “Há momentos absurdos, engraçados, complexos, horríveis, violentos.” A peça, com cerca de cinco horas de duração, conta com duas narradoras que relembram os factos. São também elas que colocam perguntas e conduzem as sequências lidas por atores em palco sentados em bancos de madeira.