Ondas de calor e saúde intestinal? Sim, e os idosos estão em maior risco

O sistema imunitário arrisca ficar mais fragilizado com o calor extremo, em particular no caso dos seniores. Se, por um lado, as ondas de calor podem aumentar a inflamação, arriscando promover o crescimento de bactérias resistentes a antibióticos, por outro, limitam a barreira de proteção intestinal, fazendo com que os idosos não tenham tanta capacidade para ‘travar’ bactérias que pode causar infeções perigosas ou até mesmo mortais. 

As conclusões chegam de um estudo da Universidade de Irvine, que notou alterações no microbioma intestinal dos ratinhos de laboratório mais envelhecidos e sujeitos a vagas de calor. Em particular, foi detetada uma fragilização do sistema imunitário face a bactérias como Vibrio vulnificus - perigosa quando em contacto com feridas abertas e alimentos marinhos contaminados e mal confecionados, que se está a tornar cada vez mais presente devido ao aquecimento das águas costeiras. Ora, simplificando, as vagas de calor estão a destruir as defesas do corpo num momento em que elas são absolutamente necessárias.

O estudo, que foi publicado na revista Science of the Total Environment (que pode consultar no original aqui), traz já ao conhecimento alguns riscos do aquecimento global para a saúde humana e que, em muitos casos, continuam ocultos.

No meio deste quadro negro, os investigadores avançam já algumas possibilidades potenciais para dirimir o impacto na saúde humana. Nesse sentido, consideram que os tratamentos probióticos - que apontam na reposição de bactérias benéficas à saúde intestinal - podem ajudar a restaurar a saúde imunológica e reduzir os sinais de envelhecimento do microbioma.

Apesar das conclusões, requerem-se agora mais estudos com amostras mais amplas e por género: todos os ratinhos de laboratório eram do sexo masculino, o que limita a generalização das conclusões.