Retratos Ghibli gerados por inteligência artificial abrem debate sobre direitos de autor
Plataforma ChatGPT ganhou milhões de utilizadores após ter lançado uma nova atualização que permitia a criação de imagens por meio de inteligência artificial. As ilustrações Ghibli, originalmente criadas pelo artista japonês Hayao Miyakazi, foram uma das mais requisitadas no chatbot desenvolvido pela OpenIA.
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As imagens inspiradas no Studio Ghibli, criadas através do ChatGPT, estiveram em destaque nas redes sociais na última semana, mas a tendência abriu um debate sobre os direitos de autor do artista Hayao Miyakazi, cofundador do famoso estúdio japonês de animação.
Em 2016, quando recebeu uma demonstração da OpenIA, Hayao Miyakazi classificou a tecnologia como um "insulto à própria vida". O realizador do filme de animação "A Viagem de Chihiro" (2001) ainda não comentou os retratos produzidos pela inteligência artificial, mas o filho, Goro Miyazaki, garantiu, à Associated Press, que a arte do pai não é substituível e vai muito além dos bonecos anime.
Já Sam Altman, CEO da OpenIA, disse, na rede social X, que a nova atualização do ChatGPT representa um marco para a empresa norte-americana de inteligência artificial ao permitir "maior liberdade criativa". "As pessoas vão criar coisas realmente incríveis e outras que podem ofender alguém. O que gostaríamos de alcançar é que a ferramenta não crie coisas ofensivas, a menos que os utilizadores queiram que o faça, caso em que, dentro dos limites do razoável, faz", acrescentou.
A plataforma, que ganhou milhões de utilizadores desde que passou a incluir a criação de ilustrações por meio de inteligência artificial, impôs um limite de três por dia para cada conta. A restrição não inclui apenas as imagens Ghibli, mas também ilustrações dos Simpsons, do Mundo Pixar e de action figures.
Segundo o empresário, a OpenIA, que enfrenta várias ações judiciais por direitos de autor, não permite a geração de imagens ao estilo de artistas vivos individuais, mas sim de "estilos de estúdios mais amplos".
Ligação política
Desde que viralizaram nas redes sociais, as ilustrações "Ghiblification", que possuem um limite de três por dia, já foram utilizadas por milhões de pessoas, incluindo Sam Altman, que mudou a sua foto de perfil da rede social X para um retrato gerado pelo ChatGPT.
O problema começou depois da Casa Branca ter partilhado uma imagem gerada pela plataforma de uma mulher a ser detida, que afirmaram ser uma traficante de fentanil e imigrante ilegal. Seguiram-se imagens estilo Ghibli de Adolf Hitler, do Ataque do 11 de Setembro e de outros momentos que ficaram marcados na história pelos piores motivos.
Assim como outras grandes empresas, a OpenIA quer manter uma boa relação com o atual presidente dos EUA, Donald Trump, que prometeu um investimento na plataforma para melhorar a próxima geração de inteligência artificial.