Senado francês aprova taxas até 10 euros para vestuário 'fast fashion' como Shein e Temu
Da interdição à publicidade, passando pela imposição de impostos ecológicos, França avança contra as gigantes de vestuário importado e de baixo custo como a Shein e a Temu. O Senado já deu luz verde a diploma contra fast fashion, mas em setembro terá ainda ser novamente votado
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As peças importadas pelos franceses e que venham de gigantes do vestuário fast fashion como a Shein e a Temu podem ficar bem mais caras. O Senado francês votou, na terça-feira, 10 de junho, um diploma que visa taxar estas compras tendo em vista o seu impacto ecológico, mas não só.
Segundo avançam os jornais gauleses Libération e Le Figaro, o país quer introduzir um sistema de pontuação que irá medir o impacto ambiental dos produtos comercializados, podendo aplicar uma taxa de importação que pode começar nos cinco euros já este ano, aumentando um euro a cada ano até aos 10 em 2030, sem nunca, contudo, exceder 50% do preço do artigo. Um valor que será aplicado aos produtos que não cumpram normas ecológicas na sua produção.
O diploma (que pode ser consultado no original aqui) deverá ainda ser votada novamente em setembro pela Comissão Mista Paritária (CMP), um coletivo de senadores e de deputados franceses, devendo ainda ser notificada a Comissão Europeia (CE) com vista a garantir a conformidade deste projeto de lei com os regulamentos que estão a ser debatidos e negociados na União Europeia.
Recorde-se que, em maio, a CE tinha em estudo uma proposta de taxa no valor de dois euros a aplicar por encomenda da Shein ou Temu. A indústria têxtil e do calçado alertaram, em declarações à Delas.pt/Jornal de Notícias, em abril deste ano e na sequência das taxas alfandegárias norte-americanas impostas por Donald Trump ao mundo, para a necessidade de a Europa olhar para esta questão do vestuário, calçado e acessórios e alterar as regras nesses impostos.
Em maio, estava em causa a possibilidade de a Europa vir a aplicar uma taxa de dois euros, medida ainda em estudo e que estava longe de gerar consenso. “Dois euros é um valor ridiculamente baixo. Devíamos aplicar uma taxa de 20 euros” às compras feitas em plataformas de comércio eletrónico, afirmava a diretora-executiva da Associação Têxtil e Vestuário de Portugal em declarações ao DN. Ana Paula Dinis considerava que aquele valor (dois euros) “não servia para absolutamente nada”.
O presidente da Associação Nacional das Indústrias de Vestuário e Confecção (ANIVEC), César Araújo, também admitiu, à data, que a proposta era “um escândalo”. Estas encomendas “não pagam nada, não vêm com fatura e não passam por nenhum controlo. Estamos a falar da maior fraude fiscal do século XXI”, declarava.
Publicidade limitada e sancionada
O novo clausulado francês, aprovado no Senado com 337 votos a favor e apenas um contra, inclui também a proibição de publicidade a marcas de moda fast fashion, incluindo os influenciadores nas sanções se eles fizerem promoção online.
No início do mês de maio, pouco menos de um mês após as tarifas decretadas por Trump, as gigantes low cost da moda Shein e Temu reduziram acentuadamente o investimento publicitário nos Estados Unidos da América e redirecionaram-no para a Europa.
Dados da plataforma de medição económica digital Sensor Tower divulgados pela agência noticiosa Reuters indicam que, em apenas um mês, a Shein reforçou investimento publicitário em 35% em França e no Reino Unido. Já a Temu aumentou as campanhas em França, em 40%, e no Reino Unido, em 20%.