Análise verificou dados recolhidos entre 1990 e 2023, de mais de 200 territórios, distinguiu-os por idade e sexo, e trazem agora o retrato negro da prevalência da violência sexual na infância e pedofilia em mulheres e homens, em todo o mundo.
Corpo do artigo
Estudo publicado na revista médica The Lancet, esta quarta-feira, 7 de maio, revelou que uma em cada cinco mulheres e um em cada sete homens em todo o mundo foram abusados sexualmente antes de chegarem aos 18 anos de idade.
As conclusões da análise feita pelo Instituto de Métricas e Avaliação em Saúde (IHME, no acrónimo original) da Escola de Medicina da Universidade de Washington, em Seattle, EUA, são resultados de estimativas alicerçadas em dados recolhidos em 204 países, por idade e sexo, entre 1990 e 2023, e fazem o retrato negro da prevalência da violência sexual na infância em todo o mundo.
Quase 42% das mulheres e aproximadamente 48% dos homens disseram que o seu primeiro episódio de violência sexual ocorreu antes dos 16 anos, indica a análise que pode ser consultada no original aqui.
Para Portugal, o estudo internacional aponta para um maior volume de abusos sexuais na infância perpetrados sobre homens do que sobre mulheres, com 13,8% e 9,9%, respetivamente
“A proporção de sobreviventes que enfrentam abuso sexual numa idade tão jovem é profundamente preocupante, precisamos de ação urgente de todos os países para melhorar as leis, as políticas e as formas como os especialistas respondem”, afirmou, citada em comunicado, a professora do IHME e autora sénior do estudo Emmanuela Gakidou.
Luisa Sorio Flor, professora assistente no mesmo instituto norte-americano e também coautora deste estudo à escala global lembra que os sobreviventes de violência sexual perpetrada na infância “têm um risco mais elevado de desenvolver depressão, ansiedade, abuso de substâncias, infeções sexualmente transmissíveis e até asma”. Os efeitos, acrescenta a investigadora na mesma nota, “também podem ter impacto no desenvolvimento social, nos resultados educativos e no desempenho económico”, pelo que pede “medidas urgentes de prevenção eficazes e de sistemas de apoio com capacidade de resposta para mitigar as consequências ao longo da vida".
A equipa ressalva que não contabilizou dados de agressões online, casos, aliás, que têm vindo a crescer em todo o mundo. Para esta investigação, foi considerada violência sexual na infância o facto de um menor ter sido alguma vez fisicamente forçado ou coagido a ter relações sexuais ou contactos sexuais indesejados - carícias ou outros toques sexuais - antes dos 18 anos.