O presidente do Barcelona, Joan Laporta, revelou esta segunda-feira, em conferência de imprensa, que o clube está endividado em cerca de 1,35 mil milhões de euros.
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A saída de Lionel Messi do Barcelona por motivos financeiros gerou muita controvérsia dentro do clube. A situação económica da equipa é muito delicada e foi confirmada esta segunda-feira pelo próprio presidente.
Joan Laporta começou por revelar, em conferência de imprensa, que o Barcelona tem uma dívida de 1,35 mil milhões de euros e detalhou os valores: 617 milhões são referentes a dívidas bancárias; 389 milhões a jogadores; 56 de compromissos com a Espai Barça (projeto para reurbanizar a área circundante ao Camp Nou); 90 milhões de questões judiciais; 40 milhões não cobrados aos sócios e 79 milhões de direitos televisivos.
Para além destes números, o presidente também abordou a questão das comissões, algumas delas consideradas demasiado elevadas. "Foram pagas comissões importantes a intermediários, não a agentes, que consideramos serem impróprias e que produziram efeitos danosos para a ecónomia da entidade (Barcelona). Por exemplo, foram pagos oito milhões de euros por uma contratação de 40. Outra pessoa na América do Sul cobrava oito milhões por observar jogadores", disse.
Questionado acerca de uma possível constituição de SAD, Laporta destacou um plano desenvolvido para limpar as contas do clube, reforçando a ideia que o Barcelona será sempre propriedade dos sócios. "Há um plano estratégico sustentado em credibilidade e experiência que temos. Acabamos de conseguir 560 milhões de euros para reestruturar a dívida, com 1,9% de juros e isso é uma boa notícia. Temos 17 investidores interessados no Barça Studios. Temos cinco propostas para patrocinador principal. Vejo uma equipa motivada a mostrar que é uma mais valia, assim como a direção", disse.
A venda de jogadores é uma opção para dar um passo em frente rumo a uma situação financeira mais saudável. Laporta explicou que o objetivo prévio de reduzir os salários em 200 milhões de euros mudou, e que o Barcelona vai passar a apostar mais na formação do que na contratação de grandes estrelas do futebol. Este modelo trouxe sucesso no passado, com jogadores como Busquets, Xavi, Iniesta e Messi a terem sido produto da famosa La Masia. "Com a regra de 1-4, se libertamos 100 milhões de euros podemos trazer 25 milhões. Vemos um plantel muito motivado, Koeman (treinador) está contente e está a ver com que jogadores pode ou não contar".
O tecto salarial é uma das questões fulcrais para a situação do Barcelona. Aliás, foi o motivo principal para Messi não renovar contrato, tendo em conta que o clube já está a exceder o limite salarial imposto pela Liga espanhola e que com o argentino ainda excederia mais. Os salários dos jogadores representam 103% das receitas do clube, valor que a La Liga limita em 70%. "Estamos a trabalhar, há jogadores que têm salário fixos e alguns bónus, mas tudo se está a racionar. Alguns jogadores como Piqué, que aceitou a redução e permitiu que inscrevessemos jogadores. Noutros casos estamos a ponderar uma redução de bónus e estamos a ver uma predisposição por parte do plantel", disse.
Apesar da grave situação que o Barcelona enfrenta, Laporta mostra-se bastante otimista. "Sentimo-nos fortes e convencidos que vamos reverter a situação. Não nos assusta, motiva-nos, porque o desafio é grande mas seremos capazes de o superar, sou otimista. Aqui todos apertamos o cinto, num par de anos a economia do clube estará resolvida", concluiu.