A prática de exercício físico - e sobretudo da corrida - ensina a ser pró-ativo, a gerir o tempo, a fixar objetivos e a lutar por eles. E o desempenho profissional só tem a beneficiar com isso.
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E se a corrida fosse, afinal, um remédio para aumentar a produtividade? A equação foi a que levou à criação da B2Run, uma prova que pretende juntar empresas num evento que, mais do que um percurso para pôr os colaboradores a correr, é um momento de "sweatworking".
Falámos com o jogador de Râguebi Gonçalo Uva, embaixador da B2Run em Portugal, onde estão marcadas duas corridas de 6 km: em Lisboa a 20 de setembro e no Porto a 12 de outubro.
Os conceitos chave são "conectar" e "espírito de equipa", dito em português, mas a base é mesmo celebrar o exercício físico e "levar a boa prática para dentro das empresas". Porque sim, garante Gonçalo, quando se está bem trabalha-se melhor. E, surpreendentemente, diz, muitas administrações até já perceberam isso e promovem o desporto.
"A corrida é um desporto simples de se praticar. Calçar umas sapatilhas e vestir uns calções é acessível a todos. Um administrador a correr é igual a um diretor de recursos humanos e a um estagiário. É um desporto que nivela", explica Gonçalo Uva, que vai buscar a expressão norte-americana o "sweatworking". "Significa trocar contactos e experiências enquanto se sua na prática do exercício físico", fortalecendo o espírito de equipa e de partilha. "Mesmo sendo a corrida um desporto individual, se o fizermos em grupo acaba por ser coletivo, há sempre essa partilha. A relação torna-se mais próxima no dia a dia e beneficia a empresa".
Fora da empresa, as corridas de empresas potenciam o "networking" - o contacto entre parceiros de negócios, clientes, concorrentes. "E incentiva ao "fair play""...
Mas quem sai mais beneficiada é mesmo a produtividade. "Como se costuma dizer, corpo são, mente sã", explica o atleta. A prática de exercício físico, diz, ensina a ser pró-ativo, a gerir o tempo, a fixar e objetivos e a luta por eles, o que se reflete na produtividade. Pessoalmente, obriga a hábitos de disciplina, gera autoconfiança e motivação.
No plano estritamente físico, reduz a fadiga, melhora o sistema imunitário e ajuda na gestão do stresse. "Quando estamos bem fisicamente acabamos por produzir mais. Está provado que adoecemos menos, o que também ajuda a empresa, com menos dias de ausências e, no final, acaba por ser benéfico até para o Estado português".
Gonçalo admite ter ficado agradavelmente surpreendido quando organizou a primeira B2Run de Lisboa, no ano passado. "Era eu que ia desafiar as empresas a participar e vi que muitas se preocupam com esse lado da atividade física e do bem estar", oferecendo condições: além de algumas proporcionarem mesmo instalações para a prática desportiva, muitas apoiam a formação de grupos de corrida e a participação em eventos. "Mas depois, dentro das empresas, fiquei dececionado, porque há muitas pessoas que acabam por não aproveitar"...
Quanto à B2Run e ao efeito incentivador que pode ter, Gonçalo aponta o caso de Munique, onde o conceito se estreou em 2003. Na altura participaram 2500 pessoas - hoje são 35 mil. Lisboa, em 2016, contou com 3000 inscritos.
O circuito europeu estende-se por 34 cidades de seis países (Alemanha, Suíça, França, Roménia, Espanha e Portugal) e junta 230 mil participantes de 10.700 empresas. O lema? "Venha correr com um colega de trabalho e volte com um companheiro de treino".