<p>Nunca uma mulher chegou tão alto na hierarquia do futebol português. Um dia depois da renúncia de Hermínio Loureiro, Andreia Couto assumiu as funções do presidente demissionário da Liga, tendo garantido ontem que o fará da forma mais discreta possível.</p>
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A demissão de Hermínio Loureiro da presidência da Liga, apresentada anteontem na sequência da revogação, pelo Conselho de Justiça (CJ), dos castigos aplicados aos portistas Hulk e Sapunaru pela Comissão Disciplinar (CD), abriu caminho à subida de Andreia Couto ao lugar mais destacado do organismo que gere os destinos do futebol profissional em Portugal. Menos de oito anos depois de ter chegado à Liga, pela mão de Valentim Loureiro, a licenciada em Direito, com pós-graduação em Direito do Desporto, vai gerir as competições profissionais até ao fim da época.
Agora com 36 anos, Carmen Andreia da Silva Couto, natural de Espinho, irmã de Fernando Couto, apaixonada pelo desporto, e pelo futebol em particular, desde a infância, iniciou a actividade na Liga em Setembro de 2002, então como assessora jurídica. A partir daí, com intervalos temporais de apenas dois anos, passou a directora do departamento de registo de contratos (2004), a secretária-geral (2006) e a directora-executiva, no início do mandato de Hermínio Loureiro (2008), o mesmo cargo desempenhado no passado por nomes bem conhecidos do público, como José Guilherme Aguiar e Cunha Leal.
Ontem, numa reunião com os funcionários do organismo, realizada no Porto, Andreia Couto comunicou que o normal funcionamento da Liga até às próximas eleições deverá ser garantido da forma mais discreta possível. A partir de agora, a advogada assumirá todos os actos de gestão corrente, mas necessita da assinatura de um dos restantes membros da Comissão Executiva, para que as suas decisões sejam aprovadas legitimamente.
"Na minha carreira, tudo aconteceu fruto de sucessivas coincidências, mais ou menos felizes, de dedicação e… de estar no sítio certo na hora apropriada", afirmou a nova número um da Liga, numa entrevista dada a uma revista feminina, no início de 2007, quando ainda estava longe de saber o que o futuro lhe reservava. Nunca, como agora, a revelação fez tanto sentido...
Ricardo Costa ainda em silêncio
Conforme o esperado, Andreia Couto tentará levar a nau da Liga a bom porto nas próxima semanas com o auxílio de Ricardo Costa e Vítor Pereira, já que os presidentes das Comissões Disciplinar e de Arbitragem não acompanharam Hermínio Loureiro na renúncia aos respectivos cargos, apesar de se terem mostrado solidários com a decisão tomada anteontem pelo dirigente, que também se demitiu da vice-presidência da FPF, e que lhes terá pedido para continuarem em funções, a fim de evitar um eventual caos nos campeonatos profissionais.
Ricardo Costa, que no fundo foi o grande derrotado pela sentença do Conselho de Justiça nos casos de Hulk e Sapunaru, tendo em conta a disparidade das deliberações (suspensões de quatro e seis meses aplicadas aos jogadores do F. C. Porto pela CD, transformadas em castigos de três e quatro jogos ditados pelo CJ, em função da diferença no critério adoptado pelas duas instâncias na avaliação do estatuto legal dos assistentes de recinto desportivo nas competições profissionais), ainda não se pronunciou sobre o assunto, prevendo-se que o faça hoje, durante uma tomada de posição pública da Comissão Disciplinar. Se o fizer, ficar-se-á a saber se o órgão a que preside avançará para um recurso da decisão tomada anteontem pelo CJ para o Tribunal Arbitral do Desporto (TAS).