Mariana Machado é a joia do Braga, onde gostaria de ficar para sempre. Sonha ser olímpica em Paris 2024
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À introdução do JN sobre Mariana Machado ser uma das melhores atletas portuguesas do seu escalão, Emanuel Brandão, coordenador da secção de atletismo do Braga, foi rápido a atalhar: "Não é das melhores, é a melhor atleta portuguesa no escalão dela".
Mariana Machado, 21 anos cumpridos ontem, batizada pela comitiva portuguesa num Mundial de juniores como "queniana branca", conta que a influência da mãe, a antiga atleta olímpica e do Braga Albertina Machado, esteve sempre presente, mas que começou no atletismo "um pouco mais tarde que o normal, pelos 14/15 anos", depois de ter experimentado a natação e até o mundo da moda.
A insistência de um professor de Educação Física para participar num campeonato de corta-mato regional lançou-a em definitivo nas corridas e o resto já é história. Entre os muitos títulos nos escalões jovens e seniores, é a atual campeã nacional nos 3 000 metros em pista coberta, de 5 000 ao ar livre e de 10 000 de estrada, já arrecadou duas medalhas em dois Campeonatos da Europa de juniores, em 2109 (prata nos 3 000 e bronze no corta-mato).
O grande objetivo de Mariana, que é treinada por Sameiro Araújo, que foi treinadora da mãe, é chegar aos Jogos Olímpicos de Paris, em 2024, e, uma vez lá, tentar uma medalha. "Sem dúvida que é um objetivo que tenho, mas tem que ser tudo passo a passo. Preciso de consolidar este processo, que requer muito trabalho e, acima de tudo, muita paciência", sublinha.
Para Emanuel Brandão, "o que diferencia a Mariana, primeiro, são os genes, pois os atletas que não os têm precisam de trabalhar 500 vezes mais". Depois, tem uma vantagem: "Treina, é focada e dedicada". Entre corta-mato, pista e estrada, gosta "é de correr". E de mousse de chocolate, que virou "superstição" depois de bater recordes nacionais após comê-la como sobremesa.
Atenta à saúde mental no desporto, tema muito em voga ultimamente, Mariana diz lidar bem com a pressão, além de coordenar com disciplina o tempo para frequentar o quarto ano do curso de medicina. "Desde pequena que tenho um pouco de pressão em cima de mim, porque era muito nova e já punham imensas expectativas". Com contrato renovado recentemente até 2024, apesar de "propostas muito ambiciosas de outros clubes", Mariana sente-se em casa em Braga e é lá que gostaria de ficar "para sempre".
Competir sempre para o pódio
"O atletismo é uma modalidade ímpar, o atleta tem que abdicar de muita coisa e ser muito metódico para ser bom aluno e bom atleta". Segundo Emanuel Brandão, o atletismo bracarense "compete sempre para o pódio" e "é a melhor modalidade do clube" - é, pelo menos, a mais titulada e com enorme contribuição do setor feminino. O dirigente, que é natural de Amares, coordena uma secção com cerca de 170 atletas nos diversos escalões, desde os benjamins (6-10 anos), infantis, iniciados, juvenis, juniores, seniores e veteranos.
Registo:
36 títulos - Catorze deles são europeus e da época dourada do Braga, quando pontificavam Albertina Machado, Conceição Ferreira e Manuela Machado.
18 êxitos nos sub-23 - Mariana Machado foi campeã sub-23 por 18 vezes, tendo ainda títulos nos juniores e juvenis (ar livre e pista coberta) de 800, 1500, 3000 e corta-mato.
170 atletas - A secção de atletismo do Sp. Braga tem cerca de 170 atletas, repartidos por benjamins, infantis, iniciados, juvenis, juniores, seniores e veteranos.
Atletas
Alimentar o sonho de ser olímpica
Sempre que Mara Rodrigues via os Jogos Olímpicos na televisão, esta tímida jovem de 16 anos lembra-se que ficava fascinada com o atletismo. Atleta de 800 metros e 300 metros barreiras (em juvenil, pois mais para a frente passará a 400 metros), diz que "gostava de continuar a treinar e ser mesmo boa no atletismo". O sonho passa por, um dia, chegar aos Jogos Olímpicos, o que, admite, seria o ponto alto da carreira. Estudante no 11.º ano, na área de Ciências, treina depois das aulas, ao final da tarde. "Saio da escola e venho treinar, todos os dias, cerca de duas horas, e no fim de semana faço um treino mais levezinho", conta.
Desejo maior é representar Portugal
Aos 16 anos, Matilde Fernandes é outra promessa dos guerreiros do Minho, tendo já alcançado dois terceiros lugares no triatlo técnico nacional no seu escalão (até aos 18 anos). "Realizo provas combinadas, que incluem todas as modalidades do atletismo: saltos, lançamentos e velocidade, com ou sem barreiras, e também resistência", explica ao JN, revelando preferência pelas provas de velocidade e o salto em comprimento. "O meu sonho não é ir aos Jogos Olímpicos, mas representar a seleção nacional numa prova internacional. Tenho esse objetivo que quero cumprir, ouvir o hino e poder usar o equipamento de Portugal".
Paixão leva-o a abdicar das festas
Francisco Rodrigues treina antes e depois do trabalho - bem cedo em Famalicão e, ao final da tarde, na pista do 1.º de Maio. O corredor de 5 000 e 10 000 metros, distâncias em que foi várias vezes campeão nacional nos escalões jovens, considera como características essenciais de um atleta a "ambição, o foco e a disciplina". Por causa do atletismo, abdicou das saídas à noite com os amigos e das festas "porque sabia que no dia seguinte de manhã ia ter um treino puxado e se queria estar no meu melhor, tinha que me deitar cedo. Hoje, penso que tomei a decisão certa, porque quando se corre por gosto, abdicar não custa".
Trocar o futebol pelas pistas
Desde sempre que gosta é de correr. "Cheguei a jogar futebol um ano, num clube na zona onde morava, mas não tinha nada a ver. Eu gostava era de correr no aquecimento, não era de jogar", conta ao JN João Ferreira. "Sou um atleta de velocidade, sobretudo de 400 metros, que é uma volta à pista, e também de 200 e 100 metros, como preparação", vinca. Consultor informático no Porto, já foi vice-campeão nacional de sub-23 de pista coberta e diz que estar em teletrabalho facilita os treinos. "Não há aquele stress de sair de casa para o trabalho e depois para aqui [pista] e também tenho mais atenção ao que como", salienta.