Nuno Borges e Francisco Cabral alcançaram juntos o top-100 do ranking mundial de pares. Dupla vencedora do Estoril Open falou, ao JN, sobre os segredos da caminhada histórica.
Corpo do artigo
Nuno Borges cresceu na Maia. Francisco Cabral no Porto. Longe vão os tempos em que os courts nortenhos eram a segunda casa destes dois tenistas e mal eles imaginavam, na inocência dos seus 10 anos, que aquela amizade que estava a começar iria trazer tantos dias de glória. Ontem, um dia depois do triunfo histórico no Estoril Open, a dupla teve mais um motivo para festejar: a estreia no top 100 do ranking ATP em pares.
"Vencemos o nosso primeiro torneio ATP logo na estreia, a jogar em casa, e isso resultou na subida até ao top 100 do ranking. Parece que as estrelas se alinharam. Conheço o Francisco desde a infância e é um sentimento incrível poder partilhar todas as conquistas com ele. Sem dúvida que a nossa amizade é um dos motivos para o sucesso que temos alcançado", começou por dizer, ao JN, Nuno Borges, que subiu a 99.º do ranking em pares. "O Francisco falou com o João Sousa para pedir algumas dicas dos adversários da final. Ele é um jogador com muitos anos de experiência e é sempre uma boa enciclopédia ao nosso dispor", referiu entre risos.
Um sentimento partilhado pelo companheiro de vitórias (saíram a sorrir 30 vezes nos últimos 31 jogos). "Às vezes basta um olhar para percebermos que o outro não está nos melhores dias. E isso começa fora de campo. Na hora da verdade acaba por fazer a diferença, pois acabamos por ser o complemento um do outro", destacou Francisco Cabral, agora 80.º do ranking.
"Completos" e "intensos". É assim, numa palavra cada um, que definem a parceria de sucesso. E se no caso de Nuno Borges o alvo está na carreira de singulares e melhorar a 132.ª posição, Francisco Cabral quer centrar as atenções no percurso em pares. "Estou a jogar pares desde setembro e tenho muito a aprender. Sei que nesta posição estou mais perto de disputar Grand Slams e isso motiva-me. A trabalhar cada vez mais e melhor", disse Francisco Cabral. "Não sei se um dia irei chegar a número um português, mas luto todos os dias por ser melhor. Os mais novos podem identificar-se com o meu caso. Comecei na Maia onde há milhares de miúdos que podem fazer o mesmo percurso. Fui-me apaixonando pelo desporto e as coisas foram acontecendo", destacou Nuno Borges.
Apesar das diferenças têm uma certeza: querem continuar a brilhar em conjunto e levar o nome de Portugal o mais longe possível.
Amigos a todo o gás e sem tempo para festejos
Ainda a digerir o sucesso no Estoril, como ambos revelaram ao JN, a dupla portuguesa já está em Praga, na República Checa, para disputar mais um torneio. Nuno Borges arranca esta terça-feira, a partir das 11 horas, em singulares, frente ao italiano Riccardo Bonadio (238.º), um adversário que já venceu em 2021. Quarta-feira, Borges e Cabral voltam a partilhar o court, num duelo contra o alemão Marterer e o austríaco Ofner, para tentarem dar sequência ao bom momento