Liga norte-americana está de volta e os Denver Nuggets vão tentar renovar o título conquistado na época passada, mas a concorrência é muito forte. Queta procura espaço nos Boston Celtics.
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As emoções da NBA estão de regresso e o início da edição de 2023/24 da melhor liga de basquetebol do Mundo é já na madrugada de quarta-feira, de novo com Neemias Queta como representante português, agora ao serviço dos Celtics. O poste, de 24 anos, saiu dos Sacramento Kings no verão passado e assinou um contrato de dois anos pelos históricos “verdes” de Boston, de novo numa versão “two-way”, que significa uma ligação à equipa-satélite Maine Celtics, a competir na liga de desenvolvimento (G-League). Na prática, Queta pode fazer 50 dos 82 jogos dos Celtics na fase regular da NBA, mas ficará de fora no play-off, se a equipa lá chegar, a menos que o contrato seja revisto e transformado em "standard", o que pode acontecer a qualquer momento da época.
“Pelo que o Neemias tem feito na pré-época, há quem na imprensa de Boston defenda a integração imediata na equipa principal, após a saída do poste Robert Williams, mas o cenário mais realista é que jogue regularmente na G-League, que já considero uma liga curta para ele, e que seja chamado em determinados momentos [ao plantel principal]. Em relação aos Kings, os Celtics são uma equipa que potencia mais as caraterísticas do Neemias, com um poste a jogar dentro, que na defesa seja capaz de proteger o cesto. Só lhe é pedido fazer o que ele faz muito bem”, afirma, ao JN, Ricardo Brito Reis, comentador da SportTV, que volta a ser o canal com o exclusivo da NBA para Portugal, preparando-se para transmitir entre 200 a 300 jogos da nova temporada.
Sob o comando do treinador Joe Mazzulla, os Celtics fizeram algumas mudanças no plantel da temporada anterior. Entre os principais nomes, saíram os bases Marcus Smart (agora em Memphis) e Malcolm Brogdon (rumo a Portland), para além do poste Robert Williams (também assinou pelos Trailblazers), entraram o extremo-poste letão Kristaps Porzingis (ex-Washington) e o base Jrue Holiday (ex-Milwaukee), mantendo-se de pedra e cal as estrelas Jayson Tatum e Jaylen Brown. Para a posição de poste, para além de Porzings, as opções são Al Horford e Luke Kornet (este é claramente a terceira opção), surgindo depois Neemias Queta como possibilidade para ganhar minutos ao longo do ano.
“Em Boston, não há espaço para errar, pois a equipa luta pelo título. Mas o Neemias vai ter de errar para crescer, até porque foi contratado num projeto de desenvolvimento a médio prazo, para evoluir enquanto jogador. Ele pode fazer, ou pelo menos ser convocado, para 50 jogos. Vamos ver como decorre a temporada”, acrescenta Ricardo Reis.
Milwaukee rival de Boston e Nuggets defendem o título
Candidatos a regressar à final da conferência Este, que na época passada perderam de forma inesperada para os Miami Heat, numa série a sete jogos (4-3), os Boston Celtics deverão ter como grandes adversários os Milwaukee Bucks, que se reforçaram com a estrela Damian Lillard (ex-Portland), para juntar ao grego Giannis Antetokounmpo, melhor jogador da competição em 2019 e 2020. Os campeões de 2020/21 perderam Jrue Holiday, mas com Lillard ganham um jogador que faz a diferença.
"A jogar bloqueio direto com Giannis, Dame Lillard é um lançador que pode tornar imparável a equipa de Milwaukee. O treinador é 'rookie' (Adrian Griffin substituiu Mike Budenholzer), mas os Bucks vão estar lá em cima a lutar pelos primeiros lugares", refere Ricardo Brito Reis. No Este, os Philadelphia 76ers continuam a contar com Joel Embiid, MVP da época passada, mas a confusão instalada em torno de James Hardem, que já assumiu a vontade de sair, devido a incompatibilidades com o diretor-geral, Daryl Morey, torna tudo uma incerteza.
Na conferência Oeste, os Denver Nuggets mantiveram quase toda a equipa que conquistou o título na temporada passada (saiu o extremo Bruce Brown, que assinou um contrato milionário com os Indiana Pacers). Com o poste sérvio Nikola Jokic, MVP das finais de 2022/23, a comandar as tropas, os campeões são favoritos a repetir a proeza, mas terão muita concorrência. LA Lakers, Phoenix Suns, Golden State Warriors e LA Clippers também têm argumentos e tentarão evitar que os Nuggets possam interromper a tendência dos últimos cinco anos, nos quais a NBA teve sempre um campeão diferente.
"Sem lesões de Lebron James e Anthony Davis, os Lakers serão os principais adversários dos Nuggets. Fizeram contratações cirúrgicas e, sobretudo nos playoffs, serão difíceis de bater. Os Suns têm um ataque poderosíssimo [saiu o base Chris Paul, rumo a Golden State, e o poste Deandre Ayton, para Portland, mas entrou o atirador Bradley Beal, ex-Washington, para fazer companhia às estrelas Kevin Durant e Devin Booker], mas não sei até que ponto serão candidatos, devido à questão defensiva. Se sofrerem 150 pontos, podem marcar 151 e ganhar, mas isso no play-off é complicado de conseguir. Os Golden State Warriors, com Steph Curry, podem sempre chegar ao título, embora a equipa seja curta", sublinha o comentador.
Wembanyama é atração entre os "rookies"
Entre as caras novas na liga, nomeadamente os jogadores de primeiro ano que vieram das universidades norte-americanas ou do basquetebol europeu, como é o caso, o francês Victor Wembanyama será o grande ponto de interesse. Primeira escolha do "draft", pelos San Antonio Spurs, o poste, de 2,24 metros foge ao protótipo dos jogadores dessa estatura e pode revolucionar a forma de jogar na competição.
"Tem a técnica de um base, lança como um extremo, mas tem a altura de um poste. Está na equipa perfeita para a adaptação do corpo ao ritmo de 82 jogos na NBA. Os Spurs têm mística, lutaram por títulos durante quase duas décadas e o treinador, Gregg Popovich, ganhou uma segunda vida com a chegada do francês, tendo renovado contrato até 2028. Além disso, os franceses Tony Parker e Boris Diaw, que brilharam nos Spurs, vão acompanhá-lo de perto. Wemby vai ter um impacto imediato na NBA, mesmo que a equipa de San Antonio não seja candidata a nada, provavelmente nem sequer a um lugar nos play-offs", diz Ricardo Brito Reis.