Por muito que Hugo Almeida suspire por um regresso a Portugal, a carreira teima em mantê-lo além-fronteiras. Partiu há tanto tempo - 12 anos - que mais de um terço da sua vida faz-se de passagens por outros seis países europeus. "Já quase se pode dizer que sou mais um cidadão do Mundo do que português", atira, em conversa com o JN.
Corpo do artigo
A odisseia começou na Alemanha, passou por Turquia e Itália, tremeu na Rússia - "foi onde menos gostei de estar" -, ganhou novo fôlego na Grécia e agora desenvolve-se nas margens do Mar Adriático. Mas não se pense que tanta bagagem é suficiente para minimizar os efeitos de tanto movimento. "Qualquer mudança requer sempre adaptação. É um país novo, uma cultura nova, personalidades novas, estilo de vida diferente, outro idioma...". Embora neste último caso as distâncias encurtam-se facilmente: "O inglês fala-se em todo o lado e tem bastado", acrescenta Hugo Almeida. E na Croácia, portanto, não é diferente.
Por ali, os escombros da guerra dos Balcãs ainda se fazem sentir na "frieza" das pessoas, mas Split, cujo registo histórico remonta a tempos imemoriais, não é só isso. Principalmente no verão. "A cidade em si é bastante tranquila, mas vive muito da época do verão. Neste momento, por exemplo, é uma cidade um bocado morta, não se passa rigorosamente coisa nenhuma". Nada que o preocupe demasiado: "Basicamente, a minha rotina é casa-trabalho, trabalho-casa".
Passe Curto
Nome Hugo Miguel Pereira Almeida
Clube Hajduk Split
Idade 33 anos (23/05/1984)
Posição Avançado
O que o fanatismo faz...
A passagem pela Turquia parecia ter calejado Hugo Almeida para o fanatismo com que os adeptos vivem os clubes, mas a Croácia fê-lo mudar de ideias. "Aqui não é futebol, é uma religião", resume. A tal ponto que há vitórias insuficientes para consolar o ego clubístico. "Há sempre bocas. Já aconteceu meterem-se com jogadores porque temos que ganhar por mais", refere o avançado português. Mas o pior, claro, é quando as derrotas aparecem. "Quando perdemos com o último classificado, ameaçaram com soqueiras nas mãos e facas, partiram carros, vidros de casas... São fanáticos demais, chegam ao extremo", frisa Hugo Almeida, reconhecendo que tanta agressividade já o fez pensar: "Mas como ainda não foi nada comigo...".