Em 2024, Paris vai receber a 33.ª Olimpíada da Era Moderna, mas a capital de França faz parte da histórica olímpica de Portugal desde 27 de julho de 1924.
Corpo do artigo
Foi nesse dia, há quase 99 anos, que a equipa de hipismo foi terceira na prova de obstáculos da Taça das Nações e conquistou o bronze. À terceira presença em Jogos - estreou-se em Estocolmo"1912 (Suécia) e esteve a seguir em Antuérpia"1920 (Bélgica) -, Portugal colocou finalmente o nome no medalheiro graças aos desempenhos dos cavaleiros Aníbal Borges d"Almeida (5.º, com 12 pontos de penalização), Hélder de Sousa Martins (12.º, 19 pontos) e José Mouzinho d"Albuquerque (16.º, 22 pontos). O trio somou 53 pontos de penalização, ficando atrás de Suíça (50) e Suécia (42,5), prata e ouro, respetivamente. Portugal tinha um quarto cavaleiro, Luís Cardoso de Menezes (21.º), mas para a classificação por equipas só contavam os três melhores resultados. Deste feito deu conta o Jornal de Notícias na edição de 29 de julho, terça-feira, dois dias depois da prova - então, o jornal não se publicava à segunda-feira. Na primeira página, o JN titulava "Prova equestre internacional - portugueses vencedores" e escrevia: "Na classificação final dos representantes das várias nações da prova equestre internacional ficaram classificados os portugueses Borges Almeida em 5.º lugar, Sousa Martins em 12.ºº e Mouzinho d"Albuquerque em 16.º. Nas provas hípicas dos jogos olímpicos procedeu-se às terminações e classificações, obtendo o 1.º lugar a Suécia, o 2.ºº a Suíça e o 3.º Portugal"
Dos quatro cavaleiros, dois haviam sido indicados pela Sociedade Hípica Portuguesa - Aníbal Borges d"Almeida e Luís Cardoso de Menezes, que montaram os cavalos "Reginald" e "Profond" -, tendo o Ministério da Guerra escolhido os outros, o tenente Hélder de Sousa Martins e o capitão José Mouzinho d"Albuquerque, que montaram os cavalos "Avro" e "Hebraico". Reza o relatório enviado ao Comité Olímpico de Portugal pelo tenente-coronel Manuel Latino, o chefe da equipa de hipismo, que um dos cavalos adoeceu antes dos Jogos e teve de ser alimentado a... açucar, e que a preparação foi quase inexistente. "Embora se reunisse o melhor que frequenta as nossas pistas, eles estavam longe, bem longe mesmo, da categoria dos seus adversários e a nossa vitória mais se deve à alma dos nossos cavaleiros, à sua coragem inexcedível, à confiança absoluta em cumprir a sua missão, do que ao valor dos seus cavalos que, porque não dizê-lo, eram olhados com desprezo", reportou Manuel Latino.