Brighton-Brentford de hoje é mais que um jogo. Presidentes Tony Bloom e Matthew Benham são queridos inimigos
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À primeira vista, Brighton e Brentford não têm nada que os antagonize. Não estão próximos geograficamente, não têm diferenças políticas ou ideológicas, nem um passado de divergências, desportivas ou não. Têm, aliás, muito a uni-los. Por exemplo: há poucos anos, estavam enterrados nos escalões inferiores, sem dinheiro e sem perspetivas de um futuro mais animador; ambos foram salvos por dois adeptos locais que, antes, se fizeram milionários; e hoje são considerados exemplos a seguir, dois dos clubes melhor geridos e mais inovadores do Mundo e os que mais evoluem na Premier League.
O que os separa e os torna protagonistas de uma rivalidade pouco comum são os respectivos proprietários, Matthew Benham e Tony Bloom, que não se podem ver desde que o primeiro virou costas ao segundo quando ainda não tinham nada a ver com o futebol. Este sábado, em novo Brighton-Brentford (15 horas), também é improvável que troquem sequer um olhar.
Da memória dos dois ainda não se apagou aquele período, nos inícios do milénio, em que até foi preciso incomodar os meios judiciais para tentar resolver os problemas. Na altura, Benham deixou de ter interesse em trabalhar com e para Bloom, dono de uma empresa de apostas, e resolveu criar a própria plataforma, ligada ao mesmo ramo, que viria a fazer dele um dos empresários mais bem sucedidos e mais endinheirados do Reino Unido. Com o tempo, a crispação só cresceu e depois parece que combinaram levá-la para o futebol. Mais ou menos na mesma altura, em 2009, tomaram conta nos respetivos clubes, que agonizavam em situações parecidas, trouxeram formas de pensar diferentes, influenciados pelas respetivas formações e carreiras no mundo das apostas, da matemática, da física e das estatísticas, e conduziram Brighton e Brentford até patamares de excelência, que, ano após ano, superam as expectativas e se consolidam entre os colossos da Premier League, apesar dos orçamentos modestos em comparação com a maioria da concorrência.
Esta tarde, entrarão em campo com os mesmos pontos (42) e em luta direta pelo primeiro apuramento de sempre para as competições europeias. A rivalidade, ainda assim relativamente saudável e acorrentada apenas a aspetos desportivos, entre Bloom e Benham está, então, no patamar mais alto de exigência, depois de ter conhecido episódios na terceira divisão, na segunda e, desde 2021, na Premier League. Para já, é o adepto e dono do Brighton quem leva a melhor, com sete vitórias contra quatro.