A romaria à Senhora da Graça é um dos marcos emblemáticos da Volta a Portugal. Mas, de ano para ano, sobretudo desde que se bateu o recorde de assistência, em 1999, com 100 mil pessoas, a quantidade de espectadores da mítica subida tem vindo a cair. Este ano, mais que nunca, as clareiras sucederam-se ao longo da escalada, substituindo a caça ao lugar, que anos antes era uma raridade.
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Não só se observa, como é testemunhado por quem há muito faz da presença uma tradição. Domingos Barbosa, 58 anos, estreou a subida em competição, pela equipa da Coelima, em 1978 e, desde então, fica na berma, pois abandonou nesse ano. Agora marca presença desde o dia anterior ao da etapa voltista, passando a noite em plena estrada.
"Isto já teve bastante mais gente nas noitadas. São cada vez menos. São os reflexos da crise e de algum declínio da modalidade", defende.
Domingos fez da romaria uma tradição desde que abandonou as bicicletas, aos 24 anos, optando pela carpintaria. Mas ficaram as saudades e o bichinho. "Venho todos os anos e comecei a trazer a família. Atualmente já trago os sobrinhos. Na primeira vez que vim foi o ano em que apareceu a moda das garrafas vazias alinhadas na estrada".
Este ano, para contribuir, juntamente com os restantes seis membros da comitiva de Braga, apresenta um número impressionante: "Chegámos ao meio dia. Trouxemos 147 cervejas. A esta hora (23 horas), estamos fraquinhos. Ainda só bebemos 40, mas também temos verde tinto para animar".
Este foi o primeiro ano dos miúdos: o David, de 12 anos, que vive em França, e o Francisco, de nove. Estreia também para o Palhinhas, de 26 anos. "É mais uma bebedeira que vou ter de combater", confessou, entre risos! Ah, também veio a bicicleta para subir, mas...