Festa é festa no Jamor. A final da Taça de Portugal arranca às 17.15 horas mas muitas pessoas chegaram, de armas e bagagens, antes do fim-de-semana, para assentar arraias na mata, nas redondezas do Estádio Nacional.
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José Rogeira, de 56 anos, cumpriu a tradição e instalou-se, acompanhado de muitos amigos, a poucas centenas de metros do recinto com o objetivo de apoiar o seu Sporting e, também, de “trazer o interior de Portugal” para Lisboa. “Sou de São Romão, em Seia. Passámos cá a noite, sportinguistas e portistas, lado a lado, mas também entram penetras, os benfiquistas. Todos são bem vindos mas um bom sportinguista não se explica, sente-se”, disse, entre sorrisos.
“Acolhemos toda a gente, temos 600 litros de cerveja e 100 de vinho, 97 quilos de carne de porco no espeto e mil pães”, salientou, acrescentado que entre “as mil pessoas nas redondezas” cerca de 300 são seus amigos. Um número elevado numa missão de confraternização e, igualmente, de cariz social. “Os nossos eventos têm sempre esse tipo de causa, tudo o que fazemos, independentemente de quem paga os comes e bebes, tem também como pano de fundo apoiar instituições que precisam muito de ser apoiadas. Hoje apoiamos o “Solar do Mimo”, um centro de acolhimento de crianças em risco. São crianças de várias idades e patamares, inclusive portadores de deficiências. Se as pessoas entenderem que podem ajudar, a instituição recebe o dinheiro. Agora esta comida ninguém paga”, afirmou, o empresário, de 56 anos.
Promotor da “reunião”, agradeceu aos presentes. “Se não fosse esta malta não promovia nada”, brincou. No fim do jogo, será a hora da despedida. “Eu vou consolar as pessoas que vão ficar tristes, há cerveja para gastar. Relativamente à comida, estamos a lutar para comer tudo (risos) mas, se não conseguirmos, vamos distribuir por aqueles que ficam aqui para não se estragar”.
Ao seu lado, Bruno, adepto do F.C. Porto, residente em Alcainça, no concelho de Mafra, elogiou a atmosfera no Jamor. “Este ano, tivemos a felicidade de estacionar ao lado destes amigos do Sporting, a noite foi top até certo ponto (gargalhada). Há coisas que me lembro e outras que não me lembro”. Com 44 anos, o comercial está habituado a conviver com cores clubísticas diferentes. “Os meus filhos não são do F.C. Porto, um é do Benfica e outro do Sporting”.
Após apenas quatro horas de sono, a meta é viver um dia de glória dos dragões, porém José Rogeira torceu o nariz. “Nós, os sportinguistas, somos diferentes, nunca desistimos. Estamos habituados ao sofrimento, eu ainda não vi nenhum sportinguista morrer de enfarte”, gracejou. No fim, acrescentou: “Desde que foi implementado o VAR fomos duas vezes campeões, isso quer dizer alguma coisa...”