Prova rainha do ciclismo nacional surge com redobrado interesse competitivo pois a equipa W52/F.C. Porto não pode defender hegemonia.
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Uma Volta a Portugal que vai abrir um novo ciclo na modalidade a nível nacional, é o que se pode esperar desta 83.ª edição da prova rainha do ciclismo luso, que parte para a estrada na quinta-feira, a partir de Lisboa, e durante 12 dias vai percorrer boa parte do país, até à meta final, a 15 de agosto, em Gaia. Com o forçado fim da hegemonia da W52/F.C. Porto, que durante seis anos dominou a competição, mas desta vez está afastada da prova, envolta na polémica pela alegada utilização de doping, que levou à suspensão da equipa, é certo que o próximo vencedor da Volta não terá o emblema do dragão ao peito, abrindo um novo, e mais incerto, espectro competitivo, que a modalidade está a precisar.
Com os azuis e brancos fora de cena, a luta pela camisola amarela será feita por um pelotão de 18 equipas (nove portuguesas e nove estrangeiras), pendendo sobre os corredores dos conjuntos nacionais as maiores probabilidades de render o portista Amaro Antunes no palmarés de vencedores da prova. Maurício Moreira (Glassdrive/Q8/Anicolor), segundo na edição de 2021, encabeça a lista dos principais favoritos, secundada pelos nomes de Joaquim Silva (Efapel), Délio Fernández (Atum General/Tavira/Maria Nova Hotel), Vicente De Mateos (Aviludo/Louletano) ou Daniel Freitas (Rádio Popular/Paredes/Boavista). As equipas estrangeiras, apesar das dúvidas quanto à consistência para lutar pelo triunfo final, certamente bater-se-ão pela vitória em etapas, nomeadamente os blocos espanhóis da Caja Rural, Burgo/BH e Euskaltel/Euskadi.
Novidades no percurso
Esta edição da continua a ter como pontos chaves as clássicas subidas à Torre, no topo da Serra da Estrela, logo ao quarto dia, e a emblemática etapa da Senhora da Graça, na penúltima tirada. Ainda assim, há algumas novidades no percurso, desde logo com a partida da segunda etapa a ser feita na cidade espanhola de Badajoz, já depois de uma incursão pelo Alentejo, na véspera, com uma chegada em Elvas.
Ainda assim, o ponto de maior surpresa competitiva poderá acontecer a meio da corrida, num regresso, 44 anos depois, a Miranda do Corvo, na região Centro, e com uma inédita meta junto ao parque eólico de Vila Nova, em plena Serra da Lousã, após uma exigente subida de dez quilómetros, com uma pendente média de 9%. O final da festa volta a ser, três anos depois, no Porto e Vila Nova de Gaia, com um contrarrelógio de 18,6 quilómetros, que, desta vez, parte da Invicta e termina na marginal gaiense, onde é esperada uma multidão.
FACTOS E NÚMEROS
1559 quilómetros
Será esta a distância que os ciclistas terão de percorrer na estrada ao longo dos 11 dias de prova. Pelo meio, haverá apenas um dia de descanso, em Viseu.
18 equipas
Além de nove conjuntos portugueses, haverá outras nove equipas vindas de Espanha, Inglaterra, Estados Unidos da América, Angola, Venezuela e Colômbia.
127 mil euros em prémios
Os êxitos dos ciclistas durante a corrida serão reconhecidos com prémios monetários, que, no global, ascendem aos 127 mil euros. O vencedor da prova leva um cheque de 16 mil euros.
JN acompanha a prova na estrada
Mais uma vez, o JN é parceiro oficial da Volta e diariamente fará uma cobertura detalhada da prova, tanto nas edições em papel, como nas plataformas digitais.
FLASH
Joaquim Gomes, Diretor da prova
"Maior incerteza sobre o vencedor"
JN: Quais são os destaques do percurso desta edição da Volta a Portugal?
Tentamos sempre trazer algumas novidades para o percurso, mas este ano tenho de destacar a meta em Miranda do Corvo, que é praticamente desconhecida do ciclismo nacional, mas que tem condições fabulosas para ser um grande espetáculo, sobretudo na parte final da etapa. Também relevo a partida em Badajoz, que só foi possível com o financiamento do projeto Eurocidades, que junta também Elvas e Campo Maior.
JN: Ter o final da Volta entre Porto e Vila Nova de Gaia é o desfecho perfeito para a corrida?
Já em 2019 tivemos o redobrado orgulho em ver o final da Volta nessas duas localidades, abrilhantando com a enchente na avenida dos Aliados. Desta vez, decidimos inverter o contrarrelógio, que será muito técnico, partindo da zona oriental do Porto e terminando na marginal de Gaia, tendo como pano de fundo a ponte D. Luís. Será, certamente, uma grande chegada com o carinho que as gentes do Norte têm por esta prova.
JN: Em termos competitivos, com a ausência da W52/F.C. Porto, espera-se uma corrida mais aberta?
Isso é algo que o diretor da prova não controla. Mas, teoricamente, haverá uma maior incerteza sobre o vencedor final. Já aconteceu no ano passado, com a prestação do Maurício Moreira(Glassdrive/Q8/Anicolor), que aponto como um dos principais favoritos à vitória. Será, sobretudo, uma grande oportunidade para os diretores desportivos tomarem decisões que proporcionem um grande espetáculo na estrada para tornarem a corrida mais competitiva.
JN: Apesar da pandemia estar controlada, ainda haverá algumas restrições para o público?
Para o público já não haverá condicionalismos, e espero que voltem em massa para a berma das estradas. Para a prova, ainda haverá um plano sanitário, com todos os atletas, equipas, comissários e organização a serem testados à covid antes da corrida e no dia de descanso.