Acordo com V Sports "é um trampolim decisivo, que permite ao Vitória valorizar-se"
Presidente do Vitória de Guimarães, António Miguel Cardoso, elogia acordo com V Sports, que é votado esta sexta-feira em assembleia-geral.
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Os sócios do Vitória decidem, esta noite, em assembleia-geral extraordinária, a entrada da V Sports como parceiro minoritário da SAD, com a venda de 46% das ações, por 5,5 milhões, ao fundo liderado pelo egípcio Nassef Sawiris, proprietário do Aston Villa. Em resultado do pré-acordo, a V Sports suportará um investimento de dois milhões em infraestruturas e permitirá à SAD uma linha de crédito de 20 milhões. O Vitória permanece como sócio maioritário. Ao JN, o presidente António Miguel Cardoso detalha o processo.
O V. Guimarães precisa de fazer esta parceria?
O fundo V Sports significará para o Vitória um músculo financeiro. É um trampolim decisivo que permite ao clube valorizar-se e ganhar dimensão. Queremos manter os principais ativos, de modo a que a equipa continue a crescer e isso só poderá ser possível com uma parceria. A V Sports permitirá ao Vitória aceder a importantes redes de contactos internacionais e scouting. Se não for assim, estamos cá para o caminho das pedras. Com mais dificuldades e problemas, provavelmente com maior necessidade de venda de ativos, mas não fugimos.
As ações da SAD do Vitória já não entram como garantia na linha de crédito de 20 milhões de euros. Era um risco elevado?
De modo algum. Colocar essas ações como garantias não implicaria qualquer tipo de risco, mas percebemos o desagrado de alguns sócios e, por isso, resolvemos alterar o pré-acordo com a V Sports, definindo como salvaguarda as rendas, a bilhética e os rendimentos das quotizações para os primeiros sete milhões disponibilizados, mantendo como primeiras garantias os direitos televisivos e os passes de jogadores. Houve abertura da parte da V Sports para renegociar e chegámos facilmente a um acordo. Com esta Direção, as ações da SAD do Vitória só poderão ser utilizadas como garantias em futuros financiamentos mediante aprovação em assembleia-geral, através de votação. O nosso objetivo é não usar essa linha de crédito e, se tiver de ser, queremos pagar logo. Poderá ajudar em meses mais complicados.
A SAD vai utilizar a linha de crédito para pagar dívidas e abater o passivo, ou será para investir no plantel e lutar pelo pódio?
Tentaremos investir no plantel de forma equilibrada, tendo sempre bem presente a necessidade de saldar dívidas e abater o passivo. Esses são objetivos da Direção. Convém esclarecer, porém, que essa linha de crédito só será acionada em caso de absoluta necessidade. E se isso acontecer, poderá ser usada de forma avulsa. Não haverá a obrigação do Vitória contrair um empréstimo imediato de 20 milhões, podendo o clube amortizar a dívida a qualquer momento, com os juros a serem calculados somente em função dos montantes solicitados. A ideia é caminharmos em conjunto [com o fundo V Sports], com controlo do Vitória SC. Existe muito "know-how" que eles obviamente nos vão aportar: por exemplo, concertos em dias de jogo. E o Aston Villa tem crescido a base de apoio na questão do scouting e na formação.
O pré-acordo prevê a entrada imediata de 5,5 milhões. O que sobrar, depois de pagar a Mário Ferreira, servirá para investir na equipa?
É bom que os sócios do Vitória tenham a noção de que, se nos atrasássemos no pagamento das ações de Mário Ferreira, algo que aconteceu e que já vinha de trás, ficaríamos sem o capital pago e sem as ações. Felizmente, ele nunca nos colocou sob pressão, não estávamos pressionados nem obrigados a fazer este pré-acordo. Estamos em dívida e temos de pagar. Sabemos qual é o nosso caminho se não for aprovado pelos sócios, temos de continuar pelo tal caminho das pedras. É importante recordar que 80% das receitas do nosso mandato já foram tomadas pelo adiantamento anteriormente feito. É importante tomar medidas para que as contas continuem a ser pagas.
Esta parceria permite ao Aston Villa ter preferência na compra de ativos do Vitória?
Claro que sim. O Aston Villa é detido pelo fundo V Sports, do senhor Nassef Sawiris, cuja fortuna se situa entre as 300 maiores do Mundo. Tem grande capacidade financeira, dinheiro para investir, estando obviamente interessado na partilha de passes de jogadores.
Os dois milhões para infraestruturas serão para concluir o miniestádio? Se sim, para quando o regresso da equipa B ao complexo?
Esses dois milhões serão aplicados na conclusão das obras da Academia e em melhorias no Estádio D. Afonso Henriques. Só a partir daí poderemos equacionar o regresso, ou não, da equipa B à Academia.