Adepto do Sporting atingido nos festejos: "Não digam que foi uma bala perdida"
Bernardo Topa, adepto do Sporting que perdeu o olho esquerdo nos festejos do bicampeonato do Sporting, quer justiça e agente da PSP, que o atingiu, identificado.
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A noite prometia ser de festa, mas acabou da pior maneira no Hospital de São José, em Lisboa. Bernardo Topa, de 28 anos, foi atingido por uma bala de borracha, disparada pelas autoridades, e perdeu o olho esquerdo, nos festejos do bicampeonato do Sporting, na noite de 17 para 18 de maio. Apesar de tudo, não perdeu o interesse pelo futebol e, muito menos, pelos leões, já que pretende ver no domingo a final da Taça de Portugal, na unidade hospitalar, onde se mantém internado. “É uma situação traumática, mas não vou deixar de amar o Sporting por causa disso”, contou, ao JN.
Bernardo recorda como a sua vida mudou. “Estava no Saldanha quando vi um grupo de polícias a disparar. Nesse momento, houve um tiro direto ao meu olho. Percebi logo que era grave e que estava tramado, a ferida deitou imenso sangue e fui operado”. Sobre a confusão, os detalhes estão presentes. “Não vi quem disparou e mesmo que tivesse visto, teria sido impossível identificar o agente. Ao meu lado, naquela zona, estavam famílias, não era ninguém de claques, fiquei muito triste”.
Na última semana, o caso ganhou mediatismo. “Falou-se de uma bala perdida, mas não digam que foi uma bala perdida. A bala foi enviada exatamente na minha direção. Gostava muito que o agente que disparou fosse identificado e que haja justiça. Na minha vida, estive sempre a favor das autoridades, mas o que passou foi muito grave e gostava que não se repetisse”.
O presidente do Sporting, Frederico Varandas, esteve no hospital e ofereceu uma camisola a Bernardo. “O gesto deixou-me feliz, é importante o apoio do clube, que também escreveu um comunicado”. No mesmo sentido, a família está ao seu lado. “Sim, sempre, e tentam não me mostrar o sofrimento. O seu apoio, assim como de muita gente, tem sido importante. As minhas redes sociais estão cheias e há donativos em curso para me ajudar nos tratamentos e na reconstrução do olho”. Bernardo é comissário de bordo da TAP, função que deve abandonar. “É um assunto que está a ser tratado. Amava o que fazia, mas se não for possível, terei de assumir outras funções na empresa”.