Afastada do Mundial pelos níveis de testosterona, Khelif vê adversária desistir em 46 segundos
Impedida de competir no Mundial de boxe, por não passar nas provas de elegibilidade de género, a argelina Imane Khelif demorou apenas 46 segundos para afastar a italiana Angela Carini, que abandonou o combate em lágrimas, na categoria de -66kg.
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Ao apresentar níveis de testosterona mais elevados do que o permitido pelo regulamento, Imane Khelif, de 25 anos, não passou nos testes de elegibilidade de género para o último Campeonato do Mundo de boxe, no ano passado, acabando afastada da prova pela Associação Internacional da modalidade, tal como Lin Yu-ting, de Taiwan. Após analisar os dados recolhidos, a entidade concluiu que ambas as atletas têm “vantagens competitivas sobre as restantes competidoras”.
O Comité Olímpico Internacional, entidade que organiza os Jogos Olímpicos, teve uma interpretação diferente do caso e considerou ambas as atletas elegíveis para competirem em Paris2024.
A decisão motivou críticas por parte do Comité Olímpico italiano, ao qual pertence Angela Carini, que defende que “os direitos de todos os atletas e atletas se adaptem à Carta Olímpica e aos regulamentos”, e da própria ministra italiana da Família, Natalidade e Igualdade de Oportunidades, Eugenia Roccella: “É surpreendente que não existam critérios rigorosos e uniformes a nível internacional. E é surpreendente que precisamente nos Jogos Olímpicos, um evento que simboliza a equidade desportiva, possam existir suspeitas de uma concorrência desigual e que pode trazer riscos para um dos atletas”.
O Comité Olímpico argelino também já reagiu às críticas lançadas contra Imane Khelif, considerando-as “infundadas”. “Condenamos veementemente os ataques e as difamações relativas à nossa atleta, Imane Khelif, feitos através de propaganda infundada de certos meios de comunicação estrangeiros. Tais ataques à sua personalidade e dignidade são profundamente injustos, especialmente quando ela se prepara para o auge da sua carreira nas Olimpíadas”, referem os responsáveis pelo Comité Olímpico da Argélia, que garantem que vão tomar medidas concretas neste caso.
Depois da polémica, a estreia na prova de -66kg em Paris, com Khelif a demorar apenas 46 segundos para afastar a italiana Angela Carina, que acabou por desistir do combate, em lágrimas. Bastou uma direita forte da argelina para colocar a adversária em visíveis dificuldades. “Doeu-me muito”, podia-se perceber na reação da pugilista italiana, após a desistência.
Imane Khelif é embaixadora da ONU e participa nas segundas olimpíadas da carreira, depois de ter sido 5.ª classificada em Tóquio, na categoria de -60kg.