Avôs do ciclista também pedalaram quando eram novos, mas nunca participaram em provas. Familiares e amigos juntaram-se em A-dos-Francos para assistir à prestação do herói da terra no contrarrelógio da 20.ª etapa da Volta a Itália.
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Quando era jovem, Albino Almeida, hoje com 78 anos, gostava de "correr de bicicleta" com três vizinhos e chegaram a ir até à serra da Estrela. Na mesma idade, Júlio Gonçalves, 72 anos, também andava de bicicleta com os amigos no Campo Pequeno, em Lisboa, aos fins de semana. Eventuais influências dos avôs à parte, a avó materna Luísa Gonçalves não tem dúvidas de que o neto, João Almeida, se tem destacado no ciclismo mundial nos últimos anos por ser "rijo" como ela.
Os casais reuniram-se, ontem, na Sociedade Instrução Musical, Cultura e Recreativa de A-dos-Francos, Caldas da Rainha, com outros familiares e amigos, para assistir ao contrarrelógio da Volta a Itália, em que o neto, de 24 anos, ficou em terceiro lugar e garantiu o pódio. Durante a etapa, Alzira Almeida não escondia o receio de que João caísse. "Quando caímos, o pára-choques somos nós", lembrava o marido Albino. Já Luísa Gonçalves mantinha a esperança de que vencesse o Giro. "Como já ganhou uma etapa, tenho fé que haja um ano em que fique em primeiro", acredita a avó materna. O ambiente de nervosismo, enquanto João Almeida percorria os 18,6 quilómetros, deu lugar a palmas e gritos de alegria no final da prova. Contudo, os resultados dos rivais não permitiram aos apoiantes fazer a festa que desejavam, se tivesse vencido.
As tias Aida, 46 anos, e Florbela Gonçalves, de 38, acompanharam a prova de camisola cor-de-rosa com a inscrição "Bota Lume", a alcunha atribuída ao sobrinho em Itália. Aida evidencia a "determinação, profissionalismo, espírito de sacrifício e disciplina" de João Pedro e a madrinha Florbela o facto de ser "lutador, humilde, inspirador e ter muito bom coração".
Paulo Sousa, presidente da Junta de A-dos-Francos, destaca a visibilidade que o ciclista tem dado à freguesia e ao concelho das Caldas da Rainha pelo Mundo, pelo que homenagearam o percurso de sucesso numa escultura em pedra. A viver nos Açores, o conterrâneo Pedro Sobral Santos compôs a canção Bota Lume, disponível na net, dedicada ao João, em resposta ao desafio de um jornalista italiano