Afonso Eulálio está a viver a inesperada sensação de liderar a prova após uma prestação plena de mérito. Jovem, de 22 anos, mostra ambição mas é cauteloso.
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Um camisola amarela inesperado, mas a desfrutar de todos os momentos da liderança da Volta a Portugal. Aos 22 anos, Afonso Eulálio chegou ao topo da geral com uma prestação plena de mérito na serra da Estrela e reforçada na chegada à Guarda. O ciclista da Figueira da Foz falou com o JN, no dia descanso da prova, e, confessando estar a viver um sonho, insiste que o líder da ABTF-Feirense continua a ser o experiente António Carvalho. Por isso, Eulálio não faz planos a longo prazo, quer desfrutar do apoio do público e da camisola amarela, alertando que o suíço Colin Stussi é o grande rival.
Tem sido fácil adormecer com a camisola amarela da Volta a Portugal?
No primeiro dia talvez tenha adormecido com algum nervosismo, não consegui descansar bem. Mas agora já estou mais descansado. Fizemos um bom trabalho para conseguir a camisola. Estou muito relaxado e agora quero desfrutar dela enquanto for possível.
Ser líder da prova é uma motivação ou pressão?
Neste momento, dá mais motivação do que pressão. Tenho na equipa o António Carvalho, que me deixa mais relaxado para passar pelos momentos mais difíceis.
Alguma vez pensou que, aos 22 anos, podia ser camisola amarela da Volta?
Nunca me passou pela cabeça que podia ser o camisola amarela na Volta a Portugal. Tinha o objetivo de vencer o Troféu Joaquim Agostinho, no passado fim de semana, e vinha para esta prova mais desligado dos objetivos da classificação geral. Não estava à espera, mas é incrível esta sensação.
Já conseguiu ter noção da prestação que teve na etapa da subida à Torre?
Tenho ganho noção aos poucos do que tenho feito até aqui e do nível onde estou. Nessa subida à Torre, só percebi que podia chegar à camisola amarela quando o meu diretor desportivo [Joaquim Andrade] disse para continuar no meu ritmo e acabou por correr tudo bem.
Como tem sido o apoio do público na estrada?
Sinto sempre o apoio dos adeptos na estrada. Creio que é por ser português, por ser jovem e por estar a liderar a Volta. Acho que as pessoas querem que seja um corredor nacional a ganhar. Por enquanto, só eu e o António Carvalho estamos no top-10. É muito motivador estar a ouvir o meu nome durante as etapas. É algo que nunca tinha experimentado. Não tinha a verdadeira noção da dimensão da Volta a Portugal e é incrível ouvir sempre nas estradas “força Afonso Eulálio”.
E qual é a sensação de ser protagonista da prova ?
Há dois anos estava noutra equipa a trabalhar e vi os os ciclistas a lutar pela geral e questionava-me como era possível eles terem aquelas prestações, por exemplo a subir até à Torre. E agora, dois anos depois, sou eu que estou com a camisola amarela. É incrível.
Qual é o principal rival na luta pela geral?
O principal rival é o Colin Stussi, mas a nossa equipa tem um líder, que é o António Carvalho, que também ainda está na disputa pela vitória na Volta. Antes da Torre estava a um minuto da camisola amarela, e agora estou na liderança. Ainda pode acontecer muita coisa. Mas, para mim, o Stussi é um dos principais favoritos a vencer a Volta e até está numa posição mais favorável.
O trabalho desenvolvido pela equipa dá-lhe ainda mais confiança?
Apesar de sermos uma equipa de jovens já temos alguma experiência na questão de controlar as corridas. Além disso, temos o António Carvalho que tem muitos anos de experiência na Volta e isso transmite-me muita confiança. É ótimo ele estar junto de mim. Sei que vencer a Volta é um dos principais objetivos da época da equipa, e por isso vamos, dia a dia, trabalhar para o conseguirmos.