Depois da vitória frente aos catalães, a equipa encarnada está em queda livre e permeável na defesa. Derrota em Munique acentua crise.
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A recente goleada em Munique (5-2 com o Bayern) surgiu no sétimo jogo de um ciclo de insucesso dos encarnados que, após a vitória épica com o Barcelona (3-0), entraram numa espiral descendente de resultados: três derrotas, dois empates e apenas dois triunfos.
A série contrasta com o registo da fase anterior: 11 vitórias e só dois empates. Antes, a águia era um rolo compressor e faturou 28 golos (média de 2,15 por jogo) e sofrera apenas cinco (média de 0,38 por partida). O ciclo atual, com nove golos marcados (1,28) e 15 sofridos (2,14), apresenta uma enorme quebra de produtividade que poderá afetar os níveis de confiança da equipa. O próximo duelo para o campeonato será frente ao Braga, no domingo, um encontro exigente sobretudo para quem vem de um empate frente ao Estoril.
Os fatores do decréscimo serão muitos mas, no entender de Silas, treinador de futebol, a questão central foca-se no reduzido período de trabalho entre os duelos. "O Benfica teve dois ou três dias entre os jogos com o Vizela, V. Guimarães, Estoril e Bayern. E com a agravante de serem todos jogos fora de casa. Depois, há ainda o dia da viagem para Munique. Pura e simplesmente é impossível treinar o plano estratégico e preparar uma equipa", adiantou, ao JN.
Por outro lado, reconhece que a "densidade" competitiva agrava o risco de lesão e força mudanças na equipa que potenciam a possibilidade de baixar o rendimento em campo. "Com esta densidade de jogos, muitas vezes o treinador quase só está ali para tirar e meter jogadores...", adiantou, lembrando que o técnico também está a ser prejudicado.
O treinador aponta alguma falta de "energia" em João Mário, Grimaldo e Yaremchuk no jogo do Estoril, um pouco como consequência do calendário apertado da equipa. Silas entende a decisão "estratégica" de Jorge Jesus em ter poupado, Otamendi, Weigl e Rafa, a pensar no confronto com o Braga e no duelo com o Barcelona: "O Benfica não está em primeiro lugar na Liga, não pode perder mais pontos e joga com o Braga. Pior do que cair com o Bayern é perder e ficar a quatro pontos de F. C. Porto e Sporting. E, na Champions, o Benfica ainda pode ser segundo no grupo e precisa de ter a equipa na máxima força".
Paulo Bernardo é a terceira estreia com Jorge Jesus
Paulo Bernardo, médio de 19 anos, estreou-se na equipa principal, em Munique. O jogador entrou a 13 minutos do final do duelo, mas registou a estreia e logo num palco importante. O atleta torna-se, assim, no terceiro jovem da formação a dar os primeiros passos nesta segunda passagem do treinador pelo Benfica. Tiago Araújo (lateral e extremo) e Daniel dos Anjos (avançado) também se estrearam com Jesus.
ECOS DA LUZ
Núcleo duro volta com os minhotos
Otamendi, Weigl, Rafa e Darwin, poupados em Munique, vão certamente regressar ao onze inicial das águias no embate com o Braga, domingo, na Luz. O quarteto volta à equipa inicial e ainda deverá ser acompanhado por Diogo Gonçalves.
Lesionados avaliados hoje
As águias começam hoje a preparar o duelo com o Braga ainda com um leque considerável de lesionados: Seferovic, Lázaro, Taarabt, André Almeida, Gil Dias e Rodrigo Pinho. Os atletas serão hoje avaliados e só aí se saberá quem tem chance de voltar.
OS MOTIVOS DO INSUCESSO
Calendário apertado
É verdade que o ciclo começou já depois do primeiro desaire com o Portimonense, mas a obrigação de realizar seis jogos em 18 dias, média de um jogo em cada 72 horas, forçou Jorge Jesus a gerir o plantel e as segundas linhas não garantem o dinamismo das escolhas iniciais.
Reforços em quebra
Alguns dos reforços das águias revelaram uma quebra de rendimento ou vivem numa momento menos feliz. É o caso de Yaremchuck, algo complicativo no ataque. Meité também ainda se exibe a um ritmo abaixo do exigido para ocupar a posição no meio-campo como alternativa a Weigl.
Quebra ofensiva
As águias sofrem mais golos e também têm marcado menos do que no período anterior. Até ao jogo com o Barcelona tinham faturado 28 golos, agora só registam nove golos.
Jogo de cabeça
Se retirarmos os jogos com o Bayern, seis dos sete golos sofridos pelas águias surgiram de cabeça e em lances dentro da área. Aconteceu com o Portimonense, Trofense, V. Guimarães e Estoril.