Na Ala Nun"Alvares de Gondomar o antigo e o novo mesclam-se em perfeita harmonia. Apesar de estar perto de completar um século (foi fundado em 1923), o clube emana um espírito jovem e cheio de vitalidade, fruto da grande aposta na formação, que o tornam num símbolos da cidade.
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O frenesim de atletas ao final do dia para mais um treino de voleibol, ténis ou ténis de mesa - as três modalidades praticadas - dá um colorido diferente ao recinto e enche-o de sorrisos e alegria, mas também de muito suor, dedicação e trabalho.
"Calculamos ter à volta de 500 atletas. O voleibol tem cerca de 400 praticantes, o ténis e o ténis de mesa cerca de 50 cada. É muita gente e há uma atividade muito intensa no clube", explica o presidente João Nuno Ferreira, reconhecendo que a gestão nem sempre é fácil: "São muitos eventos, treinos, jogos e gente envolvida e é difícil coordenar isto. Felizmente, temos a colaboração dos pais, que são imprescindíveis e vão suavizando as dificuldades".
Mas nem assim a direção se desvia da missão de "formar jovens sérios e sãos para a sociedade". E as várias gerações de atletas foram retribuindo essa dedicação com o amealhar de títulos em nome de um clube cuja ambição é estar envolvido nas finais de cada modalidade.
"Na formação temos um palmarés recheado. O nosso primeiro campeonato nacional foi conquistado pelos juniores masculinos, título que repetimos depois em juvenis e cadetes", recorda o dirigente.
Êxitos que, segundo João Nuno Ferreira, despertam a atenção dos mais jovens, que procuram atingir iguais metas. "Cremos que olham para o sucesso dos mais velhos como um exemplo a seguir e um objetivo superior a cumprir, pelo que se empenham mais e se sentem mais animados a atingir o patamar que os mais velhos vão alcançando", frisa o presidente da Ala Nun'Álvares.
Um desses casos é o de mesa-tenista luso-chinesa Shao Jieni, que integrou a comitiva portuguesa nos Jogos Olímpicos Rio 2016. "Constituiu uma honra muito grande ter uma atleta com este nível de qualidade de prática desportiva. Foi uma coroa de glória muito importante para o clube", salienta João Nuno Ferreira.
E no ano em que o concelho ostenta o desígnio de Cidade Europeia do Desporto, o dirigente espera que a intensificação da atividade "traga mais gente nova para a prática desportiva", sendo certo que "a Ala Nun"Álvares estará disponível e cheia de energia para as receber" de braços abertos.
Dar cartas no ténis de mesa
Das três modalidades do clube, é no ténis de mesa que se tem destacado a nível nacional e internacional, como evidenciam os vários títulos na época passada, nos mais diversos escalões.
"O nosso foco é a alta competição, andamos à procura de um nível muito elevado. Felizmente temos tido resultados muito bons. O apuramento para os Jogos Olímpicos foi um sonho concretizado e que há alguns anos nunca julgaríamos possível", avança Mário Couto, responsável técnico pela modalidade, continuando: "A última época foi sensacional, conquistámos sete títulos nacionais, uma qualificação entre os nove primeiros no Campeonato da Europa de cadetes femininos e títulos internacionais no World Tour. Resultados que nos enchem de orgulho e nos fazem acreditar que é possível manter este rumo e se possível melhora-lo".
Para continuar a dar cartas no ténis de mesa, o clube procura chamar mais jovens para a prática da modalidade. "Temos vários protocolos com as escolas primárias e do 2.º e 3.º ciclos, onde procuramos transmitir o que é o ténis de mesa, dando-lhes a oportunidade de experimentarem e terem contacto com atletas de alto nível, que até podem ser colegas deles na escola".
E como "é pequenino que se torce o pepino", como diz o ditado popular, foi com apenas seis anos que o mesa-tenista João Neves teve o primeiro contanto com a modalidade. Passados mais 22, este desporto continua a fazer parte do dia-a-dia deste jogador, que concilia a atividade desportiva com a de professor de educação física, uma opção profissional que surgiu naturalmente.
Aliar estudos e desporto não foi uma tarefa fácil, mas também não foi impossível. "O atleta tem de ser muito organizado e responsável para conseguir um nível alto quer no desporto quer na vida académica", refere o atleta, embora reconheça nem todos têm a capacidade de abnegação necessária. "É sempre uma escolha que os jovens têm de fazer e que não seria necessário se houvesse outro tipo de apoios", atira José Neves.
Voleibol em reconstrução
Por situação idêntica passou Eduardo Jamal, hoje coordenador do mini-voleibol e treinador da equipa júnior feminina, depois de ter entrado para o clube com apenas oito anos e ter feito o percurso todo da formação até sénior, nunca descurando o curso de Educação Física e Desporto.
"Tento passar a mensagem aos mais jovens, principalmente aos que estão já numa idade adulta de formação, em que começam a ver o futuro no voleibol um bocadinho mais difícil, que há sempre a possibilidade de encararem a vida como treinadores, tal como aconteceu comigo".
E o Ala Nun'Álvares, para este técnico, é o local ideal para isso. "Tentamos abrir as portas para que estes atletas consigam estar na modalidade que mais gostam, mesmo noutra função, não deixando de serem importantes para a vida do clube", acrescenta Eduardo Jamal.
Enquanto coordenador de voleibol, compete-lhe trabalhar as aptidões dos atletas mais novos para fortalecer o clube num futuro próximo. "Atualmente estamos em processo de reconstrução, pois o desporto também tem a ver com ciclos geracionais, um pode ser bom e outro mau", explica o treinador, ressalvando, contudo: "Não podemos esquecer que a política de ter apenas atletas da formação nos seniores acaba por ser um entrave a ter grandes ambições".
O meio mais importante de recrutamento de atletas acaba por ser através de quem já passou pelo Ala Nun'Álvares. "Quando têm filhos acabam por os trazer para cá para a prática desportiva", refere Jorge Silva, diretor da secção de voleibol.
Isto não significa que o trabalho junto das escolas seja esquecido. Daí o clube ter estabelecido vários protocolos de ação e divulgação da modalidade. "As escolas próximas são importantes no sentido em que são os locais onde estão os possíveis atletas de que nós necessitamos e para os quais existimos. Além disso nas escolas encontramos instalações desportivas que nos auxiliam na gestão de 400 praticantes", finaliza o dirigente.
Trabalho é arma no ténis
Mais fácil parece ser a organização do ténis, não só pelo menor número de atletas (cerca de 70 entre jovens e adultos), mas também por nem todos o praticarem de forma regular e com objetivos competitivos.
"Para os adultos é difícil seguirem um plano regular de treino devido à atividade profissional. Nos jovens já procuramos que haja uma conciliação entre os estudos e o desporto", anota Pedro Marinho, treinador de ténis, referindo que a partir de uma determinada idade essa harmonia é mais difícil de manter.
Para que este jovens consigam obter os resultados desportivos desejados, o técnico aponta o "trabalho" como o principal ingrediente, uma vez que potencial encontra nos seus pupilos.
Um dos atletas promissores é João Ramos, de 16 anos, fã incondicional do espanhol Rafael Nadal.
"Foi a ver os jogos do Rafael Nadal que me motivei a vir para esta modalidade. Já tinha uma paixão, mas foi isso que me fez querer praticar", explica o jovem, cujo sonho é disputar um campeonato nacional de ténis.
A frequentar o 11.º Ano do Curso de Ciências e Tecnlogia, João Ramos é rápido em afirmar que o desporto o ajuda nos estudos, mais não seja porque entanto está a treinar "liberta a cabeça" da pressão da escola.