Golo de Youssef en-Nesyri elimina a equipa das quinas. Faltou jogo interior e eficácia para levar, pelo menos, o duelo para prolongamento.
Corpo do artigo
A seleção portuguesa disse adeus de forma inglória ao Mundial, após perder por 1-0, frente a Marrocos, numa partida em que lhe faltou dinâmica, capacidade de rasgo e eficácia nos momentos chave.
Um golo de Youssef en-Nesyri antes do intervalo ditou o resultado favorável para os africanos, o qual premiou a organização defensiva e uma inabalável vontade de ganhar. Apesar de avisado de que Marrocos não era uma pera doce, longe disso, a equipa das quinas não entrou em campo preparada psicologicamente para enfrentar a tortura tática de encontrar maneira de derrubar a muralha defensiva. Usou e abusou de passes laterais e para trás e quando encontrou uma nesga de espaço nunca houve inspiração.
Portugal até poderia ter entrado a ganhar, João Félix teve uma magnífica oportunidade através de um cabeceamento que Bono bloqueou, mas a partir daí o jogo tornou-se insípido, com pouca profundidade e escassa ligação entre as linhas do adversário. Tal como fez frente à Espanha, Marrocos mostrou cedo que não sabia só defender e deu largura e comprimento ao jogo. O golo, em cima do intervalo, aproveitou um momento de desnorte da equipa: Allah cruzou sem oposição e Youssef en-Nesyri, marcado por Ruben Dias, introduziu a bola na baliza, aproveitando a má saída do guarda-redes Diogo Costa. Ainda antes do descanso, Bruno Fernandes acertou na barra, um dos momentos de azar.
No segundo período, Portugal e Fernando Santos apostaram tudo e não foi por falta de balanceamento ofensivo que a seleção se despediu do Mundial. Faltou, porém, capacidade de jogo interior, à equipa das quinas que teve muita bola, mas raramente em zonas de decisão. Essa incapacidade teve um custo muito alto, apesar de ter reunido oportunidades suficientes para, pelo menos, levar o duelo para prolongamento. As entradas de Cristiano Ronaldo, Rafael Leão e de João Cancelo asfixiaram Marrocos, que optou aí por defender a todo o custo.
Um remate de Bruno Fernandes não entrou por centímetros, já um pontapé de Félix foi defendido com muita competência por Bono e Ronaldo teve uma derradeira chance, mas o guarda-redes voltou a ser gigante. Muito solidários, os marroquinos disputaram todas as bolas como se fossem a última e nos minutos finais a equipa das quinas perdeu o discernimento tão necessário para fazer a diferença. Após chegar aos oitavos do Mundial 2018 e do Euro 2020, uma das maiores gerações de ouro do futebol português voltou a ficar pelo caminho num momento precoce quando tinha tudo para ir mais longe.