Guarda-redes ucraniano está a dois jogos de completar 100 pelo Benfica, dois anos depois de ter decidido deixar a Ucrânia devido à invasão russa. Foi lançado por Paulo Fonseca e lapidado por Luís Castro no clube de Donetsk.
Corpo do artigo
Daqui para a frente, quando se recordar a primeira vitória de sempre do Benfica sobre o Bayern Munique (1-0), ao 14.º confronto, o nome de Trubin será invariavelmente evocado. O guarda-redes ucraniano brilhou em Charlotte, fez várias defesas decisivas para manter a baliza das águias inviolável e foi considerado o “melhor em campo”. “Milagres”, disse a "Gazzetta dello Sport", enquanto a DAZN definiu a exibição como “incrível”. Otamendi também ficou rendido.
Cerca de dois anos depois de ter sido contratado ao Shakhtar Donetsk, Trubin terá feito uma das melhores exibições pelos encarnados (senão a melhor) na terceira jornada do Grupo C do Mundial de Clubes e o nível apresentado não terá surpreendido muita gente, incluindo os treinadores portugueses Paulo Fonseca e Luís Castro: o primeiro lançou-o, com 17 anos, na equipa principal do Shakhtar, em maio de 2019, enquanto o segundo fez dele titular indiscutível na baliza do emblema ucraniano, sucedendo ao mítico Pyatov. Foi também com Luís Castro que Anatoly Trubin se estreou na Liga dos Campeões numa vitória sobre o Real Madrid (2-3), a 21 de outubro de 2020. Pelo Shakhtar, onde fez a maioria do percurso formativo, Trubin realizou 94 jogos, conquistando o estatuto de um dos guarda-redes mais promissores do futebol europeu.
A saída da Ucrânia, porém, afigurava-se difícil devido às exigências financeiras do emblema de Donetsk e foi a invasão da Rússia ao país vizinho a facilitar a vida aos pretendentes. Trubin, que desde cedo manifestou publicamente críticas à Rússia e aos russos – e continua a fazê-lo ao recusar-se, por exemplo, a cumprimentar adversários russos – manifestou o desejo de sair e fugir da guerra, levando o Shakhtar a baixar a fasquia para pouco mais de 10 milhões de euros. Mesmo assim, o Inter de Milão achou muito e foi o Benfica a ganhar a corrida.
Na Luz, o jovem guarda-redes impôs-se facilmente e em duas épocas acumulou 98 jogos de águia ao peito, estando na iminência de se tornar centenário, o que sucederá caso o Benfica atinja os quartos de final do Mundial de Clubes. Neste período, sofreu 97 golos e ainda não convenceu totalmente os benfiquistas. Contestado aqui e ali devido a alguns erros, ainda oscila entre o 8 e o 80, algo que também se explica pela juventude (fará 24 anos a 1 de agosto). A falta de títulos também não ajuda, embora o único que conquistou pelo Benfica tenha tido um contributo decisivo da sua parte, ao defender o penálti que permitiu às águias conquistar a Taça da Liga nesta temporada.
Avaliado em 28 milhões de euros pelo Transfermarkt e com contrato até junho de 2028, Trubin parece estar de pedra e cal na Luz, mas exibições como esta, frente ao Bayern Munique, podem aguçar o apetite de outros tubarões.