Médio foi o convidado do Podcast oficial do Vitória “Dezanove 22” e não fugiu a nenhuma questão. Explicou a origem do nome, falou do ídolo, e da paixão dos três filhos pelo Vitória.
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O fim de carreira de André André está distante, mas o internacional português já tem ideias para o futuro. “Gostava de continuar ligado ao futebol, de preferência ao Vitória. É algo que já está entranhado em mim desde miúdo. Gosto muito de futebol. Treinador? Acho que gostaria de ensinar miúdos, mas nada está definido. É um cargo complicado”, disse, no Podcast oficial do Vitória “Dezanove 22”.
Conhecedor da mística do clube, o jogador não explica o que significa ter ADN vitoriano, mas há requisitos que não abdica. “Não sou muito de dizer o que é isso aos mais novos. Mas meto-lhes exigência nos treinos, com o objetivo de ganhar e melhorar. O Vitória tem de ser assim. Queremos sempre mais, temos de ter essa exigência de ganhar no dia a dia. É essa mística que tento passar, não é estar a dizer aos mais novos como são os adeptos ou quantos anos tem o clube. Mas falo, nada fica entalado”, revelou. Com vários anos de Vitória, há memórias que perduram. O médio enumerou alguns dos episódios mais memoráveis no D. Afonso Henriques. “Vivi vários. Foi assim frente ao Benfica quando o clube estava a festejar os 100 anos. O ambiente no estádio era muito bom. Lembro-me também de um Vitória-Braga, para a Taça, em que perdemos, mas fomos aplaudidos de pé. Foi sinal de que demos tudo em campo e isso foi reconhecido pelos adeptos. A exigência do Vitória é a exigência de um grande. Essa exigência faz crescer os jogadores. Noutro clube, não cresceriam da mesma forma. Isso ajuda os jovens a queimarem etapas. Queremos tanto, como os adeptos, ganhar. Quem me dera ser campeão pelo Vitória, quem me dera ganhar tudo por este clube. Trabalhamos para isso, pelo menos tentamos, mas precisamos que nos ajudem, especialmente em casa. As outras equipas sentem essa força no nosso estádio. Queremos um Vitória sempre melhor. É esse o nosso foco”. Uma vontade e uma exigência que também se estende em casa. “Os meus três filhos são sócios do Vitória desde o dia em que nasceram e vibram muito com o clube. Assistiram comigo ao jogo com o Portimonense e o adversário fez o 1-2 no final… O mais velho disse logo isto:´pai estou farto disto, vamos embora’. Tive de ser eu e o irmão do meio a transmitir-lhe calma. Costumam dizer que ser-se do Vitória é ser-se especial, isto quando os colegas se metem com eles. Sentem o clube a sério. Sabem as músicas todas do clube e até querem assistir a um jogo juntamente com a claque”, confessou.O médio não fugiu a nenhuma questão e saciou a curiosidade do seu peculiar nome. “Ouvia por vezes a piada do André ao quadrado. Acontecia na escola. O André vem da família do meu pai. A minha mãe queria batizar-me de António e foi uma enfermeira que sugeriu André André para ser original. Ela gostou e assim ficou. O meu pai também é António e eu até gosto, mas acho que ficou bem André André. Eu gosto”.
Futebol desde o berço
Filho de André, referência do FC Porto na década de 80 e 90, o médio vitoriano confidenciou algumas histórias. “O ídolo sempre foi o meu pai, mas em criança também admirava o Maradona. O meu pai contava-me histórias dele. Mais tarde, passei a gostar do Iniesta. Eram essas as minhas referências: o meu pai, o Maradona e o Iniesta”, divulgou.
“O meu pai só veio a Guimarães ver um jogo, isto na minha segunda época no Vitória. Foi um Vitória-Braga. Foi um bom jogo, depois nunca mais veio. E acho que não viu nenhum meu quando estava no FC Porto. Quando eu estava no Varzim, ia sempre. Em miúdo, quando ele dizia que ia assistir a um jogo, eu começava a chorar para ele não ir. É que se ele fosse, a minha mãe também ia, mais a fanfarra toda atrás… as minhas tias. É só mulheres da parte da família da minha mãe. Uma vez foram todas e era uma gritaria sempre que eu tocava na bola. Não gostava disso e proibi-os de irem lá, mas ele continuava a ir, às escondidas”.
André André confessou ainda que nunca sentiu dificuldades para impor o seu futebol por ser filho de uma referência dos azuis e brancos. “Nunca senti essa pressão em miúdo porque os meus companheiros percebiam que eu tinha qualidade. Por outro lado, meti na cabeça que só daria o salto por causa da minha qualidade, nunca por causa do meu pai ter jogado no FC Porto. Isso fez-me crescer, mas também houve comparações. Disseram-se algumas coisas que não eram verdade. Mesmo assim, tudo correu bem. Estou orgulhoso da minha carreira e da carreira do meu pai. Gostava de somar o mesmo número de títulos que ele teve, mas infelizmente não está a ser possível. Vamos à procura do que temos (risos)”.
O mau perder é semelhante ao do pai. “Sei que uma vez o meu pai defrontou o meu tio e insultou-o de tudo. Se estivesse numa situação igual, faria o mesmo. Eu quero ganhar. Tenho mau perder, mas deixo que os meus filhos me ganhem. Em casa, por exemplo, proibiu-se o jogo FIFA, já não há mais… para acabar com as choradeiras”.