André Cardoso vai estrear-se na sexta-feira na Volta a Itália em bicicleta, uma corrida que o português da Garmin imagina tensa e competitiva e que aborda com foco único: dar tudo por Daniel Martin e Ryder Hesjedal.
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"Acredito que possamos discutir o Giro. Tenho todo o gosto em estar nesta equipa e poder trabalhar neste sentido. Concretamente, para o Daniel Martin e o Ryder Hesjedal. São os líderes da equipa e têm todas as condições, não fosse o Ryder o vencedor de 2012. Acho que o Daniel Martin tem demonstrado estar a entrar num bom momento de forma e dá todas as garantias para a equipa apostar nele", disse à Lusa o corredor de Gondomar.
A partir de Belfast, palco do contrarrelógio por equipas que dá início à 97.ª edição do Giro, André Cardoso aponta o espanhol Joaquim "Purito" Rodriguez (Katusha) e o colombiano Nairo Quintana (Movistar) como "os mais consistentes e mais fortes" rivais.
O contrarrelógio individual da 12.ª etapa, "muito largo", e a última semana, recheada de duras etapas de montanha, incluindo uma cronoescalada, são, na sua opinião, os pontos-chave da corrida, embora André Cardoso ressalve que numa prova tão longa, que só termina a 1 de junho, em Trieste, "todos os dias serão cruciais para a classificação geral individual".
"O início é sempre stressante, todos os ciclistas têm muita força, toda a gente quer estar na frente, ninguém quer perder tempo e isso faz com que o desgaste seja maior, a velocidade seja alta e, com o decorrer da prova e o acumular de quilómetros, vai fazer com que as diferença sejam maiores", sublinhou o único português a alinhar à partida.
Com duas edições da Volta a Espanha no currículo, ambas ao serviço da Caja Rural e concluídas em 21.º (2012) e 16.º (2013), André Cardoso, de 29 anos, diz que não pode estabelecer diferenças, porque nunca correu a Volta Itália, mas pressente uma prova "mais tensa, mais competitiva, menos aberta".
"Esta é a primeira e a outra é a última grande volta [da época]. Nesse sentido, já é diferente. Estamos no mês de maio, em que ainda se apanham dias maus, o que faz com que seja mais desgastante. A Volta a Espanha, em teoria, já é uma volta menos stressante, está sempre bom tempo, alguns [corredores] só estão a preparar o mundial, outros, claro, estão na discussão da prova, mas imagino que não seja tão stressante", descreveu.
Como qualquer corredor, dos quase 200 que compõem o pelotão, André Cardoso gostaria de ter o seu dia de glória, mas tem a noção de que é praticamente impossível, porque a sua missão é "defender os objetivos principais, que são os da equipa".
"No fundo, é o que a equipa espera de mim, que esteja bem, que esteja ao lado dos líderes para ser uma mais-valia nas etapas de grande dureza, de alta montanha. (...) Só se as coisas corressem muito mal [à equipa], saíssem fora de controlo, é que surgiam oportunidades de tentar chegar numa fuga ou algo do género", explicou.
No seu primeiro ano numa equipa do World Tour, André Cardoso sente que nas corridas do primeiro escalão "a exigência é mais alta, a concentração exigida também é maior", mas diz que é injusto estabelecer comparações com as equipas por onde passou, porque o que faz a diferença são os recursos.
