Venceu Pinto da Costa nas urnas, mas a tarefa no gabinete de sonho não tem sido nada fácil.
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O dia 27 de abril de 2024 entrou para a história dos dragões. Depois de uma campanha eleitoral intensa, André Villas-Boas conseguiu algo que, uns meses antes, parecia impossível, vencendo o escrutínio mais concorrido de sempre frente a Jorge Nuno Pinto da Costa e colocando um ponto final na liderança de 42 anos do mais titulado presidente do Mundo. Trezentos e sessenta e cinco dias depois, o novo presidente já conseguiu cumprir algumas das promessas, mas a nação azul e branca ainda não vive em paz absoluta.
A transição de poder até começou com um momento de festa simbólico, em pleno Jamor, onde Pinto da Costa, como líder da SAD, e André Villas-Boas, como presidente do clube, celebraram lado a lado a conquista da Taça de Portugal, mas a confirmação da saída de Sérgio Conceição do comando técnico da equipa e, sobretudo, a escolha do sucessor ditaram um início de época atribulado. A aposta em Vítor Bruno, à altura adjunto de Conceição, foi um risco assumido do novo líder portista e a épica vitória na Supertaça – 4-3 frente ao Sporting, após estar a perder 3-0 -, encheu de esperança o mundo azul e branco, mas a euforia não demorou a dar lugar à depressão. Depois de um início de campeonato bastante razoável, os maus resultados fizeram disparar os alarmes e a goleada sofrida na Luz (4-1) acabou com a esperança de muitos. Vítor Bruno resistiu, mas acabaria despedido, em janeiro, após sofrer três derrotas consecutivas, uma das quais impediu a equipa de subir ao primeiro lugar.
Perante uma situação financeira muito complicada, com renegociação da dívida e abatimento do passivo – ver detalhes -, o presidente tirou Martín Anselmi da cartola para assumir o comando da equipa, mas o argentino não conseguiu, para já, o milagre desejado. Com a equipa em quarto lugar, o balanço do primeiro ano no gabinete de sonho é agridoce para Villas-Boas.
O melhor do primeiro ano
Contas: transparência e auditoria
Duas das principais promessas eleitorais já foram cumpridas. O portal da transparência foi criado para detalhar e divulgar todos os negócios da SAD, enquanto a realização da auditoria forense revelou, por exemplo, perdas de 50 milhões de euros em comissões duvidosas.
Finanças: menos passivo e mais sócios
O equilíbrio das contas foi uma das bandeiras eleitorais de André Villas-Boas que, após 11 meses no cargo, revelou, ao JN e a O Jogo, ter reduzido o passivo da SAD em 179 milhões de euros. A dívida foi renegociada e o número de sócios cresceu de 131 mil para 150 mil.
Apoio: “novas” claques e feminino
Após os incidentes na assembleia-geral de 2023, que motivaram a Operação Pretoriano, André Villas-Boas alterou os protocolos com as claques, acabando com os benefícios que eram dados aos Super Dragões. Criou uma equipa de futebol feminino, que luta pela subida à 2.ª Divisão.
O pior do primeiro ano
Futebol: resultados negativos
A equipa de futebol profissional é, por norma, o barómetro para analisar o sucesso ou insucesso de um clube e o primeiro ano de André Villas-Boas não está a correr bem: apesar da vitória na Supertaça, o F. C. Porto já só luta pelo terceiro lugar do campeonato e está fora das taças.
Rivalidade: duas goleadas frente ao Benfica
O F. C. Porto foi goleado duas vezes pelo Benfica – 4-1 na Luz e no Dragão –, sendo que foi a primeira vez em 60 anos que sofreu quatro golos das águias. Além disso, os portistas não venceram qualquer clássico do campeonato e o melhor foi o empate, em casa, com o Sporting.
Plantel: indisciplina e noitadas
O final do percurso de Vítor Bruno como técnico ficou marcado pela polémica com Pepê, com acusações públicas de parte a parte, e a última semana foi abalada pela festa de aniversário de Otávio. Vários atletas infringiram as regras internas do clube, furando o recolher obrigatório, tendo sido alvos de processos disciplinares e castigos mais ou menos pesados.