André Villas-Boas: "F. C. Porto encontra-se numa situação-limite e num momento premente de mudança"
A Casa dos Dragões de Fiães encheu para ouvir as ideias de André Villas-Boas para o futuro do F. C. Porto. O candidato à presidência do clube defendeu que o clube "encontra-se numa situação-limite e num momento premente de mudança".
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Em Fiães, com uma réplica da Liga dos Campeões ao lado, André Villas-Boas sublinhou que, pela primeira vez, há duas candidaturas que são muito fortes" à liderança do clube. "As ideias para o clube estão a céu aberto, as pessoas discutem e são informadas. É um espaço que nunca vivemos no F. C. Porto, que sempre foi um pouco fechado em si. Apelo ao vosso voto a 27 de abril. É muito importante que as eleições sejam as mais votadas na história do clube. Votem no que acreditarem, o importante é que exerçam o vosso direito de voto", disse.
André Villas-Boas tornou a repetir as suas ideias-chave para uma nova era no F. C. Porto, um projeto que "assenta na parte desportiva", com uma "direção desportiva e de scouting sólidas, um gabinete de performance para ter o máximo rendimento e diretores de formação que não têm medo de chamar os mais novos à equipa principal".
"O F. C. Porto do futuro tem de se sustentar cada vez mais da formação Se é possível? É. É o projeto desportivo de clubes como Ajax e o Barcelona", reforçou, perante os reparos de alguns associados que defendiam que é o sucesso desportivo que os norteia. "Temos a obrigação de sermos campeões, elevei logo a fasquia a esse ponto, mas o projeto formativo é fundamental para a sustentabilidade do clube", sustentou André Villas-Boas.
A parte financeira do projeto "é um desafio muito grande, com grande parte das receitas antecipadas". "O saneamento do clube vai demorar. A nossa margem de erro é mínima e não podemos falhar na formação nem na escolha de jogadores para termos rendimento e equipas competitivas", explicou, voltando a falar na criação de um projeto de futebol feminino e na aposta no futsal, deixando um alerta: "Seria muito fácil, enquanto candidato, vender-vos sonhos, mas sendo realista todos os passos têm de ser tomados com calma".
Por entre críticas às opções diretivas tomadas nas últimas décadas, André Villas-Boas abordou ainda a recente reavaliação do Estádio do Dragão. "Temos capitais próprios quase positivos por causa de uma reavaliação do estádio. Mas vamos fazer o quê? Vamos vender o estádio e jogar na Constituição? A situação financeira é muito difícil, o dinheiro desapareceu porque foi mal gasto. Tivemos rendimento desportivo, mas também ruína financeira", referiu.
Notando que a candidatura que lidera "não é dos sócios traidores, é dos sócios do F. C. Porto, que são os donos do clube e que querem ver uma mudança para o clube e que lhe seja falada a verdade", André Villas-Boas defendeu o reforço do papel das casas do F. C. Porto, mudando a fórmula de acesso a bilhetes para jogos, mas foi mais cauteloso quanto à possibilidade de elas poderem servir como locais de voto em eleições futuras relativas ao clube: "A proteção do voto é fundamental e deve ser garantida. Infelizmente, na Assembleia Geral de 13 de novembro, o que era para ser apenas uma mudança da data das eleições de abril para junho, que era algo que fazia sentido, tornou-se numa tentativa de refundação dos estatutos, com algumas leis que os portistas não podiam compactuar".
André Villas-Boas aproveitou ainda para contar a história de quando confirmou a Sérgio Conceição que se iria candidatar à presidência do clube. "Cruzámo-nos ocasionalmente duas vezes, num café, mas já faz um ano e meio, pelo menos. Cumprimentei-o, estava a fechar uma escritura de uma casa. Demos um abraço e ele perguntou-me: "Vais-te candidatar-te contra o "homem"?" E eu disse-lhe, "Vou"!"
Apelidado por muitos dos presente como corajoso, por enfrentar a candidatura liderada pelo atual presidente do clube, Jorge Nuno Pinto da Costa, André Villas-Boas confessou-se "sem jeito relativamente a isso", sublinhando que "o bem comum é o bem do F. C. Porto". Sobre se será candidato em 2028, caso perca as eleições do próximo dia 27 de abril, mostrou-se algo cético. "Vejo as coisas muito difíceis. O F. C. Porto encontra-se numa situação-limite e num momento premente de mudança. Tendo em conta as decisões estruturantes que estão a ser tomadas no seio do clube, quando lá chegarmos o F. C. Porto já não é o clube que conhecemos, antes completamente veiculado a um fundo. Está no limite de se tornar refém de fundos, da antecipação de receitas, de mentiras e de interesses alheios. 2028 não é um cenário para mim. É agora, é neste momento. É neste Porto que quero pegar", rematou.