André Villas-Boas: "Órgãos sociais do F. C. Porto assistiram impávidos a agressões de uma guarda pretoriana aos sócios"
André Villas-Boas, que nesta terça-feira marcou presença na Web Summit, foi confrontado com os acontecimentos da última noite na assembleia geral do F. C. Porto. O antigo treinador e possível candidato às eleições no próximo ano lamentou "as agressões" por parte de uma "guarda pretoriana" a sócios dos dragões.
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André Villas-Boas marcou, esta terça-feira, presença na Web Summit e voltou a pronunciar-se sobre os acontecimentos na assembleia geral do F. C. Porto, que acabou interrompida e adiada para dia 20, próxima segunda-feira, após cenas de violência de uma "guardda pretoriana" a sócios dos dragões.
"Estou invadido ainda pelas emoções, vou tentar responder com a seriedade associada ao F. C. Porto. O que se passou ontem foi absolutamente lamentável e uma derrota interna para os órgãos sociais do F. C. Porto, que assistiram impávidos e serenos a agressões e intimidações múltiplas de uma guarda pretoriana aos associados do F. C. Porto", adiantou.
"Peço sinceramente às autoridades, ao Ministério Público, ao Ministério da Administração Interna, ao IPDJ, ao Secretário de Estado do Desporto, que peça com urgência [as filmagens] das câmaras da vigilância do Estádio do Dragão, do Dragão Arena, e proceda a uma investigação das agressões e dos atos bárbaros que se passaram ontem à noite", acrescentou ainda.
A assembleia geral, marcada inicialmente para um auditório, perante a afluência dos associados, foi transferida para o Dragão Arena. No entanto, para Villas-Boas, a organização deixou a desejar.
"Desde credenciais passadas que não deviam ser passadas, não sócios do FC Porto, a uma total desorganização logística, que foi claramente evidente na passagem de uma sala que não tinha condições para receber todos os associados do FC Porto, para o Dragão Arena. É o reflexo de uma decisão que, provavelmente, o presidente da Mesa da Assembleia Geral tomou, e que não tinha noção da quantidade de sócios e associados que íamos ter. Os associados ontem uniram-se em massa porque querem expressar os seus sentimentos, e foi-lhes impedido esse direito, de se expressarem livremente e em segurança", sublinhou o possível candidato às eleições de 2024.
Villas-Boas deixou ainda duras críticas à organização e constatou que o clube está refém "de uma guarda pretoriana" e pediu ainda que se faça uma "reflexão profunda".
"As imagens que nós vimos ontem, de um miúdo com 19 anos, ao qual provavelmente é tirado o direito de voto, em choro e envergonhado com o seu clube, é o reflexo da situação que estamos a viver. Estamos reféns de uma guarda pretoriana que persiste em intimidar alguns sócios do FC Porto, que demonstram querer, em sua vontade, exercer o seu direito de voto, de se expressarem e de serem livres. Isto tem de terminar", acrescentou ainda.
"Há uma reflexão profunda a ser feita do ponto de vista logística, da credenciação. Há também uma reflexão que o próprio Conselho Superior deve fazer, porque ontem também ficou evidente que a maior parte dos membros efetivos do Conselho Superior, dos quais algumas ilustres figuras públicas e políticas, não está presente", completou Villas-Boas.
A assembleia geral, depois de uma pequena suspensão, acabou por ser adiada para a próxima segunda-feira, com início também às 21 horas. O antigo treinador do F. C. Porto apela à liberdade de expressão e pede que as cenas de pancadaria não se repitam.