Depois de ter batido Matteo Berrettini por 3-2, na ronda inaugural do Open da Austrália, Andy Murray virou uma desvantagem de dois sets frente a Thanasi Kokkinakis, ao cabo de quase seis horas de encontro.
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Em 2019, Andy Murray, que chegou a número 1 mundial três anos antes, anunciava que se iria retirar do ténis. Por entre lágrimas, desabafou que a dor era demasiada, aludindo a uma lesão na anca que o obrigou, inclusive, a submeter-se a uma intervenção cirúrgica para debelar o problema. "Agora tenho anca de metal", reagiu, após a operação, nas redes sociais.
Só que, ao contrário do que imaginaria, a recuperação correu de tal forma bem que Murray anunciou o regresso ao circuito apenas meio ano depois, mas sem o ranking de outrora, o que o obrigou a escalar lugares na hierarquia ATP com a ajuda de diversos convites para integrar os quadros principais de torneios um pouco por todo o mundo.
Entretanto, regressou ao top 100 do ranking e, aos 35 anos, surgiu a um nível impressionante no Open da Austrália. Depois de ter superado o italiano Matteo Berrettini em cinco sets (3-2) na ronda inaugural do Open da Austrália, Andy Murray repetiu a dose frente a Thanasi Kokkinakis, num jogo que terminou para lá das 4 horas da madugada locais.
Kokkinakis, nove anos mais novo do que Murray, mostrou, mais uma vez, ser dono de um ténis empolgante, ao qual o lugar 159 do ranking ATP está longe de fazer jus, mas teve de entrar numa zona do seu jogo menos desenvolvida, a da paciência e da consistência, para lidar com um adversário que devolvia tudo o que conseguia para o lado de lá da rede. E deu-se mal.
O australiano começou por vencer o primeiro parcial por 6-4, e no segundo só superou o britânico no "tie-break" (7-4), depois de ter sido quebrado no seu serviço quando tentava fechar o parcial em 6-4.
No terceiro set, Kokkinakis quebrou o serviço ao britânico logo à primeira tentativa, mas perdeu o controlo no quarto jogo. Discutiu com a árbitra após ter violado o tempo disponível para servir e foi ao desespero depois de ter perdido o ponto do jogo, e certamente um dos melhores do torneio, para Murray, que renascia na partida.
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Só que o australiano recompôs-se de imediato e voltou a quebrar o serviço ao escocês. No entanto, tal como havia sucedido no parcial anterior, não foi capaz de fechar o jogo, permitindo o "break" (5-4) a Murray.
O set só seria decidido num novo "tie-break", e aí a impaciência de Kokkinakis voltou a vir ao de cima, com alguns pontos perdidos de forma incrível, entre os quais o que valeu a vitória a Andy Murray por 7-5, ao falhar uma bola aparentemente simples na rede.
O quarto parcial abriu com um jogo de serviço de Murray que durou quase dez minutos, decidido nas vantagens, com o britânico, que salvou alguns "break points" pelo caminho, a voar de um lado para o outro do court para se defender dos ataques do australiano.
O equilíbrio e as longas de trocas de bola foram uma constante ao longo do quarto parcial, que se prolongou por 1.10 horas e que fechou com a vitória do escocês por 6-3.
O relógio batia as 3 horas da madrugada em Melbourne quando Kokkinakis e Murray iniciaram o quinto e decisivo set. O nível não baixou, longe disso, com ambos os jogadores a irem ao limite para continuarem em prova no primeiro "major" da temporada.
Com o jogo empatado 3-3, Thanasi Kokkinakis salvou quatro "break points", mas Andy Murray voltou à carga e acabaria por quebrar o serviço ao adversário aos 6-5. O britânico fechou o encontro mais longo da carreira (5.45 horas) com uma esquerda paralela ao longo da linha e soltou um grito de satisfação. Pudera.
Nos restantes jogos da sessão noturna masculina, o australiano Alex de Minaur superou o francês Adrian Mannarino por 3-1 (7-6, 4-6, 6-4 e 6-1), e Roberto Bautista, carrasco de João Sousa na ronda inaugural, operou uma reviravolta incrível perante o norte-americano Brandon Holt (4-6, 2-6, 6-3, 6-2 e 6-2). O espanhol, de resto, será o próximo adversário de Andy Murray em Melbourne.
Nota ainda para o triunfo do jovem dinamarquês Holger Rune perante Maxime Cressy, por 3-0, com os parciais de 7-5, 6-4 e 6-4.
No quadro feminino, a tunisina Ons Jabeur, segunda cabeça-de-série do torneio, foi afastada pela checa Marketa Vondrousova, número 86 do ranking WTA, perdendo pelos parciais de 6-1, 5-7 e 6-1.
Por seu turno, a suíça Belinda Bencic, que fecha o top 10 mundial, superou a norte-americana Claire Liu por 2-0 (7-6 e 6-4).