O antigo administrador do F. C. Porto foi apresentado, esta quinta-feira, como candidato ao Conselho Fiscal e Disciplinar da lista de André Villas-Boas e teceu duras críticas à situação económica e financeira do Grupo F. C. Porto.
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“Vou-me referir apenas a factos que todos podem constatar nos relatórios e contas. Temos um passivo de 516 milhões de euros e 210 milhões de capitais próprios negativos. Para termos uma ideia mais clara: os capitais próprios são a parte do capital que os acionista colocam na sociedade. O F. C. Porto aportou 112M€ no arranque da sociedade e, se eles são negativos em 210M€, todo o património da sociedade é financiado pelos credores. Logo, enquanto esta situação não for revertida, a SAD pertence aos credores”, resumiu Angelino Ferreira.
“Os acionistas, e concretamente o F. C. Porto, confiou 112M€ a esta gestão e o que é que esta gestão entregou ao F. C. Porto? Os tais 210M€ de capitais próprios negativos. Isto é estratégia de destruição e valor e não de construção de riqueza para os acionistas. A situação deve-nos preocupar”, salientou o atual presidente da Associação Empresarial de Portugal.
Questionado sobre como será possível dar a volta à situação, Angelino Ferreira defendeu que essa é uma pergunta para ser colocada a quem for escolhido por André Villas-Boas para Administrador Financeiro, mas deixou uma pista: “Temos de apostar na nossa formação e nos nossos talentos, que será fundamental para a recuperação”.
Sem se querer comprometer, desde já, com uma promessa de auditoria às contas caso a lista de André Villas-Boas seja eleita, o antigo administrador da SAD também não colocou de parte essa hipótese: “Teremos de refletir, porque isto tem de ser encarado com muita seriedade”.
António Tavares: "Um espaço de liberdade"
Ao lado de Angelino Ferreira esteve António Tavares, atual provedor da Santa Casa da Misericórdia do Porto, e que integra a lista como candidato à presidência da Mesa da Assembleia Geral (MAG).
“Sou o sócio nº 4608, desde 1973, e estava nas Antas quando Pavão deu a vida pelo nosso clube. Sofro no Dragão, ou no Dragão Arena e nas grandes competições europeias. Não tenho passado de dirigente, mas sou sócio atento e interessado e cidadão que percebe a realidade do Mundo”, apresentou-se António Tavares, antes de explicar a razão pela qual aceitou o convite.
“André Villas-Boas preenche um conjunto de requisitos essenciais para dirigir o clube, que conhece por dentro e por fora e tem ideias para fazer do F. C. Porto um clube vencedor”,d defendeu.
“Aceitei o convite para a Mesa da Assembleia Geral, um lugar de grande responsabilidade. A Assembleia Geral deve ser o fórum onde todos os associados podem dar o seu contributo e, se for eleito, pretendo que a voz de cada um se possa fazer ouvir e seja e consciência crítica do clube”, prometeu, deixando a entender que a pluralidade de opiniões é bem-vinda.
“O F. C. Porto é um espaço de liberdade, onde ganhar não é um sonho, é um dever e André Villas-Boas quer contribuir para este debate onde cabem todos os portistas e de uma forma que o museu seja cada vez mais pequeno para acolher os troféus que vamos continuar a ganhar”, realçou António Tavares.